Summary: | Esta apresentação é parte de um estudo de mais vasto, intitulado “Representações de Países Lusófonos nos media portugueses”, que está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnio de Lisboa. Aqui, propomo-nos apresentar os resultados de um conjunto de entrevistas semi-dirigidas a diretores de informação, editores e jornalistas de diferentes órgãos de comunicação (RTP1, SIC, TVI, TSF, Antena1, Rádio Renascença, Público, Correio da Manhã e Expresso e Lusa) com vista a aferir as respetivas rotinas produtivas na cobertura jornalística de países africanos, no quadro dos constrangimentos institucionais de cada um. Para o efeito, tomou-se como referência a cobertura das eleições legislativas, autárquicas e presidenciais ocorridas em Cabo Verde em 2016 e das eleições gerais angolanas, realizadas em 2017. Tratando-se de dois países com os quais Portugal mantém uma forte ligação política, económica e cultural seria expectável o interesse dos meios de comunicação social portugueses nestes atos eleitorias. No entanto, as conclusões do estudo apontam para a “invisibilidade” das eleições caboverdianas e alguns media denunciam uma certa “limitação” na cobertura das eleições em Angola. A que se deverá a “invisibilidade” e esta “limitação”? Em que ponto do processo produtivo situamos a “ocultação”? Que lugar ocupam os assuntos relacionados com os PALOP na percepção dos responsáveis editoriais dos jornais, das televisões, das rádios, do meio online e da agência noticiosa? Que avaliação fazem os jornalistas do trabalho que desenvolvem sobre aqueles temas? Qual o peso de factores exógenos ao trabalho da redação – a concorrência, a falta de recursos financeiros e humanos, etc. – no produto final? A resposta a estas e a outras questões afigurou-se-nos necessária para melhor entender, não apenas os resultados apurados mas também o modo como os media nacionais auto-percepcionam a responsabilidade que lhes cabe na prestação de um serviço “ao público” que assegure a manutenção dos laços da “lusofonia”. Os entrevistados revelam consciência generalizada da escassez de cobertura daqueles países e tendem a justificá-la, a partir da ilustração das suas rotinas diárias, com elementos caracterizadores na estrutura interna e externa dos meios de comunicação nacionais
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