| Summary: | O nascimento de um filho é um evento marcante na vida dos indivíduos, com repercussões aos níveis intra e interpessoal, refletindo-se, nomeadamente, nos processos de tomada de decisão. Neste contexto, o propósito desta dissertação é perceber se existem diferenças na tomada de decisão ética, influenciadas pela experiência de parentalidade, contando com uma amostra particular, sendo ela políticos que ocupam cargos executivos em autarquias. A escolha desta amostra prende-se com o facto de os autarcas tomarem as suas decisões num contexto complexo, a par da necessidade de manterem padrões de ética elevados. Foram, por isso, realizadas entrevistas semiestruturadas a 27 políticos eleitos do sexo feminino e masculino, com filhos e sem filhos. Foi realizada uma análise temática com recurso a um "template" e a análise de conteúdo das entrevistas foi auxiliada pelo "software" MaxQda2020, utilizando um sistema de categorias com uma abordagem indutiva e dedutiva. Globalmente, em resultado da experiência de parentalidade, os indivíduos revelaram o desenvolvimento de competências, como a de gestão do tempo e empatia, úteis no contexto profissional. Observou-se, assim, a existência do fenómeno do enriquecimento trabalho-família. Os resultados deste estudo sugerem ainda que os indivíduos com filhos explicitaram mais os aspectos relacionados com intenções e comportamentos éticos, bem como as características de liderança ética, quando comparados com os indivíduos sem filhos. Foram igualmente identificadas interpretações contrastantes acerca das consequências da parentalidade para homens e mulheres. Porém, este estudo vem revelar algumas vantagens da existência de líderes com filhos, o que deverá contribuir para a valorização da experiência de parentalidade.
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