Resumo: | O apoio social tem sido um dos factores psicossociais que tem merecido mais atenção por parte investigadores e clínicos que se tem debruçado sobre a decisão e experiência de interrupção voluntária da gravidez. No contexto da recente legalização da interrupção voluntária da gravidez em Portugal, este estudo teve como principal objectivo investigar a relação entre as redes de apoio social, o apoio social percebido e a adaptação da mulher a esta decisão e experiência reprodutiva. A amostra, recolhida na Maternidade Doutor Daniel de Matos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, foi constituída por 53 mulheres que procuraram a Consulta de Aconselhamento Reprodutivo entre Dezembro de 2007 e Março de 2008. Este estudo prospectivo envolveu dois momentos de avaliação (antes e após a interrupção voluntária de gravidez), com recurso a instrumentos de auto-resposta. As mulheres que decidem pela interrupção voluntária da gravidez evidenciam uma rede de apoio social menos alargada, percepcionando maior apoio social por parte do companheiro, dos profissionais de saúde e dos amigos. A dimensão da rede de apoio social no período decisório, bem como o apoio social percebido (particularmente por parte dos pais) no período pós-interrupção, parecem revestir-se de uma função protectora em relação à psicopatologia. São debatidas as implicações destes resultados para a investigação e prática clínica.
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