Resumo: | A orientação postural relaciona-se com o controlo ativo dos segmentos corporais relativamente à gravidade, base de suporte e informação aferente,com base nas referências internas e externas. A sequência de sentado para de pé (SP)é considerada a tarefa funcional mais comum na vida diária. Desta,a fase da translação anterior é a mais exigente do ponto de vista da organização do controlo postural,na sua componente de orientação. Analisar as alterações na orientação do tronco e membros inferiores e no comportamento do CoP, associados à realização da sequência de SP, em indivíduos com lesão do SNC, face à realização de um programa de intervenção em fisioterapia. Estudo de série de quatro casos, de indivíduos com lesão do SNC, há pelo menos 6 meses, afetando o território predominantemente irrigado pela artéria cerebral média. Foi implementado um plano de intervenção durante 3 meses com 2 momentos de avaliação (M0 e M1). Em ambos os momentos, foi avaliada a fase de translação anterior da sequência de SP com recurso à análise cinemática, através do software Kinovea®, bem como o comportamento do CoP, através da plataforma de pressões Emed® –AT/2. A intervenção foi baseada num processo de raciocínio clínico individualizado, para a identificação de problemas a resolver, utilizando a facilitação do movimento, através do input sensorial e propriocetivo, com o objetivo de promover o controlo motor e a aprendizagem motora. Após a intervenção, todos os participantes apresentaram uma orientação dos segmentos do tronco compatível com uma organização para a função extensora. Estas modificações foram acompanhadas de uma alteração na orientação das escapulas sobre a grade costal e dos fémures em relação à linha média, compatíveis com maior estabilidade. Em relação ao comportamento do CoP todos os participantes apresentaram um aumento do deslocamento do CoP (exceto o participante B)e da sua velocidade (exceto o participante A), bem como uma maior extensão máxima. Discussão/Conclusão:Após a realização de um programa de intervenção em fisioterapia, os indivíduos apresentaram, de uma forma geral, uma orientação do tronco e dos membros inferiores compatíveis com uma organização para a função extensora, embora os achados relativos ao comportamento do CoP não suportem os achados da análise cinemática.Contudo, e apesar das limitações, este estudo permite a identificação de diferenças ocorridas caso a caso, podendo servir como orientação para a prática clínica individualizada em indivíduos com alterações do CP.
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