Resumo: | O desenvolvimento da adolescência é um período de crescimento e de transformações que permitem a passagem da infância para a vida adulta. É esta passagem que procuramos compreender de uma forma mais cuidada, pensando no modo como o sujeito transforma aquilo que em si é desconhecido, o corpo que surge com novas características, as imagens identificatórias que se alteram. Através deste estudo vai ser possível analisar e compreender a adolescência de uma outra perspectiva, em que as alterações que ocorrem neste período são fruto da interacção do sujeito com o mundo, já que ambos se encontram em constante transformação e mudança. Neste trabalho procura-se compreender o modo como decorrem as transformações na adolescência, principalmente ao nível do corpo e dos processo de identificação, baseando-nos numa perspectiva do conhecimento, em que as transformações são compreendidas numa linha de crescimento e de desenvolvimento. A revisão bibliográfica levada a cabo, focaliza-se na teoria psicanalítica, o que corresponde a uma escolha de acordo com os nossos interesses pessoas e formação clínica e académica. O Teste de Manchas de Rorschach é utilizado como instrumento, uma vez permitir aceder ao conhecimento do outro, neste caso, do processo de desenvolvimento da adolescência, não para obter um diagnóstico mas para se aceder a uma compreensão de todo o processo de transformação e de simbolização, que decorre durante este período e que se revela nas respostas que são dadas pelo sujeito. Para realizarmos este trabalho, seleccionámos dois adolescentes, um rapaz e uma rapariga, em que foram avaliados em dois momentos diferentes, aos 13 anos (préadolescência) e aos 17 anos (adolescência), procurando ter uma concepção deste momento enquanto trabalho de integração e de transformação. Deste trabalho concluímos, que na pré-adolescência como na adolescência, tanto o rapaz como a rapariga, apresentam fragilidades e descontinuidades na representação de si e na representação de si face ao outro. No que respeita à adolescência propriamente dita, verifica-se que a vivência corporal, ainda está mal compreendida e assimilada, mas encontramos um trabalho mais consolidado ao nível da integração e da construção da identidade.
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