A crise do Euro e o futuro do projeto europeu

O tema “ A crise do euro e o futuro do projeto europeu”, possui uma evidente atualidade e importância, integrando elementos muito complexos, com um enorme grau de volatilidade e incerteza e que resulta num verdadeiro desafio de análise prospetiva, quando se procuram projetar no futuro as tendências...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Lopes, Rui (author)
Formato: other
Idioma:por
Publicado em: 2015
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.26/9951
País:Portugal
Oai:oai:comum.rcaap.pt:10400.26/9951
Descrição
Resumo:O tema “ A crise do euro e o futuro do projeto europeu”, possui uma evidente atualidade e importância, integrando elementos muito complexos, com um enorme grau de volatilidade e incerteza e que resulta num verdadeiro desafio de análise prospetiva, quando se procuram projetar no futuro as tendências que presentemente são percetíveis. Na realidade, a crise financeira que teve início nos Estados Unidos da América e que teve o seu ponto culminante em 15 de Setembro de 2008 com a falência do banco de investimento Lehman Brothers, rapidamente se transformou, na zona Euro, numa crise das dívidas soberanas, com dimensões políticas, económicas e sociais em vários dos Estados-membros, que colocaram em causa os fundamentos da União Económica e Monetária (UEM) e levaram, inclusivamente, a que se questionasse o futuro do projeto de construção da União Europeia (UE). Neste enquadramento, identificamos como objetivo para este estudo, precisamente o de avaliar de que forma a crise das dívidas soberanas, que tornou evidentes um conjunto de vulnerabilidades no funcionamento da UEM, impõe à UE a necessidade de encontrar um novo modelo de governação política e económica. O percurso metodológico seguiu as sete etapas do método científico descrito por Quivy e Campenhoudt (2005) e está suportado por uma extensa pesquisa bibliográfica de diversas fontes, consideradas relevantes para a investigação que pretendemos realizar, bem como na realização de entrevistas a personalidades e investigadores, de referência, desta área de estudo. Dos resultados obtidos importa destacar que é absolutamente iniludível que a entrada em circulação do Euro marcou o início de uma nova fase do processo de construção europeia, colocando-o perante o desafio de assumir novos patamares em termos de uma integração política do tipo federalista, fundada em instituições supranacionais que assumem competências anteriormente atribuídas aos Estados-membros, como é claramente o caso do Banco Central Europeu (BCE), situação que materializa um evidente federalismo monetário. Paralelamente, tivemos oportunidade de verificar que a UEM, ao incluir Estados-membros com grandes assimetrias económicas, foi o resultado de uma decisão fundamentalmente política, não sustentada em critérios de racionalidade económica, com insuficiências e vulnerabilidades que se tornaram manifestas com a crise das dívidas soberanas. Nesta sequência, tornou-se evidente que a Europa, não sendo capaz de se federalizar politicamente, também não conseguiu criar os mecanismos indispensáveis para garantir a estabilidade do Euro e o crescimento económico nos vários Estados-membros, num quadro de competitividade global que lhe tem sido desfavorável. Assim, foi possível concluir que o futuro do projeto europeu passará, por adicionar uma maior integração política à vertente federalista da UEM ou por assumir uma evolução assimétrica, procedendo à recomposição da zona Euro e à flexibilização das regras orçamentais, ajustando-as à situação económica de cada Estado-membro, discriminando positivamente os mais vulneráveis. Abstract: The theme "The euro crisis and the future of the European project" has an obvious relevance and importance, with the understanding of the scope of the problem requiring the integration of very complex elements, which are themselves also characterized by a huge degree of volatility and uncertainty. This results in a true prospective analysis challenge when looking at future trends that are currently perceivable and attempting to create a sound analytical framework to explore the way forward to greater economic sustainability. The financial crisis that began in the United States and had its climax on 15 September 2008, with the bankruptcy of the investment bank Lehman Brothers, quickly turned a sovereign debt crisis in the euro zone, with political, economic and social dimensions in several Member States. This led many to question the foundations of the economic and monetary union (EMU) and even led to questions as to the future of the European Union (EU). Within this framework, our study objective is to specifically assess how the sovereign debt crisis, which exposed a number of vulnerabilities in the functioning of the EMU, imposes upon the EU the urgent need to find a new political and economic governance model. Our methodological approach followed the seven steps of the scientific method described by Quivy and Campenhoudt (2005) and is supported by an extensive literature search of various sources deemed relevant to the research and was complemented by conducting interviews with personalities and researchers of reference. The introduction of the euro marked the beginning of a new phase of European integration. It resulted in monetary federalism, pushing European integration to new heights in terms of a federalist type of political integration, as supranational institutions assumed responsibilities previously retained by the Member States, as is shown by the increasing importance of the European Central Bank (ECB), for example. Moreover, the inclusion of Member States with large economic imbalances into the EMU was the result of a fundamentally political decision, rather than one sustained on criteria of economic rationality. This led to vulnerabilities and weaknesses that became evident with the sovereign debt crisis. Subsequently, it became clear that the Europe which was unable to federalize politically also failed to create the mechanisms needed to ensure the euro's stability and economic growth in the various Member States. This has led to an unfavorable situation in the context of global economic competitiveness for many of the Member States, if not the EU as a whole. In conclusion, the future of the European project will take one of two very divergent paths, either greater political integration to shed the current federalist nature of the EMU, or an asymmetric evolution among the Member States, proceeding by readjusting the eurozone and increasing flexibility in the fiscal rules which govern the EMU, adjusting them to the economic situation of each member State, and discriminating positively in favor of the most vulnerable.