"O socorro aos desgraçados": medidas de mitigação e de auxílio aos náufragos ao largo da costa portuguesa no século XIX

A navegação marítima foi sempre um campo demasiadamente fértil para a ceifa de vidas, inspirando o temor e colocando em sentido todos aqueles que se fizessem ao oceano. A cada vez maior velocidade, tonelagem e utilização de embarcações, não ficou, porém, isenta de novas perigosidades. Nesse sentido,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Canhota, Tiago (author)
Other Authors: Pereira, Olegário Nelson Azevedo (author), Bastos, Rosário (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.2/11534
Country:Portugal
Oai:oai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/11534
Description
Summary:A navegação marítima foi sempre um campo demasiadamente fértil para a ceifa de vidas, inspirando o temor e colocando em sentido todos aqueles que se fizessem ao oceano. A cada vez maior velocidade, tonelagem e utilização de embarcações, não ficou, porém, isenta de novas perigosidades. Nesse sentido, não foi apenas necessário repensar e refazerem­se os acessos tais como barras e portos, mas também melhorar a sinalização dos obstáculos naturais construindo e aperfeiçoando­se as técnicas de iluminação farolar, que no caso português foi sobretudo estudado e realizado através do Plano de Alumiamento Marítimo (1866), da Comissão de Faróis e Balizas (1881) e do Plano Geral de Alumiamento e Balizagem das Costas Marítimas e Portos do Continente e Ilhas Adjacentes (1883). A primeira tentativa conhecida para se concretizar uma estrutura organizada para o socorro aos náufragos teve lugar na cidade do Porto, em 1828, através da criação da Real Casa d`Asylo aos Naufragados, construindose para o efeito um edifício de raiz devidamente apetrechado de recursos materiais e humanos, mas que teria uma existência efémera de apenas 7 anos. A esta, seguiu­se a criação da Sociedade Geral dos Náufragos, no ano de 1835, agora em Lisboa. O naufrágio do vapor «Porto» trouxe para o domínio público a questão dos naufrágios, tomando o governo nos dias imediatos providências, nomeadamente a possibilidade de deslocação do porto da cidade mais para Norte e o auxílio aos náufragos, vindo esta última a ganhar forma na Real Sociedade Humanitária em 1852. Três anos mais tarde é criada a Companhia de Socorros a Náufragos em Lisboa. Por fim, foi criado em 1892 o Instituto de Socorros a Náufragos, a que mais tarde se acrescentou a designação de «Real» e que teve como impulsionadora e presidente honorária a rainha D. Amélia.