Resumo: | A investigação tem demonstrado que a violência é considerada um problema social, que também é manifestado nas relações íntimas. Assim, de modo a perceber este fenómeno é necessário reconhecer qual o tipo de violência, bem como o autor da mesma. O presente estudo teve dois objetivos. O primeiro foi examinar a prevalência de vitimação e perpetração de violência psicológica, física e sexual, em mulheres sinalizadas ou referenciadas pela polícia ou pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) como expostas a violência nas relações íntimas (VRI). O segundo objetivo foi testar modelos independentes de predição das diferenças entre vitimação e perpetração de negociação, violência física sem sequelas, violência psicológica, violência física com sequelas e violência sexual em mulheres sinalizadas como expostas a VRI. A amostra foi constituída por 160 mulheres, 81 (50.6%) participantes residiam em casas de abrigo e 79 (49.4%) moravam em casa com os agressores. Os resultados mostraram que a prevalência da vitimação variou entre os 63.5% (negociação) e os 100% (violência sexual) e a da perpetração entre 10.7% (violência física) e 98.7% (violência psicológica). Os resultados também demonstraram que as variáveis sociodemográficas apenas foram significativas na predição do índice vitimação-perpetração negociação, do índice de violência psicológica e do índice vitimação-perpetração violência sexual, porém a adição da sintomatologia depressiva, adversidade na infância e sintomatologia PTSD contribuiu significativamente para a explicação da variância dos cinco índices de vitimação-perpetração. Assim, os nossos resultados, ao sugerirem que problemas de saúde mental nas mulheres estão associados às diferenças entre vitimação e perpetração de violência nas relações de intimidade, apresentam implicações na avaliação e intervenção clínica com mulheres sinalizadas por exposição à VRI.
|