Resumo: | O objecto desta dissertação é o estudo da participação de Portugal no European Recovery Program (designação formal do Plano Marshall), observado no contexto geral da economia portuguesa do pós II Guerra Mundial. Os anos do pós-guerra constituíram um entreacto, importante na história económica portuguesa, no qual se integra a participação de Portugal no Plano Marshall. Foi durante esse período, que decorreu da Guerra até, simbolicamente, ao início da execução do I Plano de Fomento, que o País, entre hesitações e reajustamentos, percorreu os caminhos da transição da economia de guerra para a economia de paz e estruturou o essencial do modelo económico que prevaleceu até aos últimos anos da década de 50. O encontro de Portugal com o Plano Marshall contribuiu para a intensificação do envolvimento do nosso País num processo de crescente internacionalização e abertura ao exterior. Este trabalho defende e procura demonstrar que: (i) o auxílio financeiro concedido a Portugal, constituiu um financiamento externo que mobilizou também capitais portugueses, (ii) a sua utilização integrou-se e introduziu ajustamentos nas orientações da política económica do País; (iii) foi conjunturalmente importante no que respeita à contenção e superação da crise multifacetada que na altura afectava a economia e a sociedade portuguesas; (iv) contribuiu para eliminar o défice da nossa balança de pagamentos e facilitou o abastecimento de bens essenciais necessários para debelar a crise e para lhe minorar os efeitos económicos e sociais; (v) viabilizou a aquisição de equipamentos para alguns projectos que dependiam desse fornecimento para o início ou a prossecução da sua actividade. O aproveitamento do programa de Assistência Técnica e Produtividade, constituindo uma das faces menos 'visíveis' da participação de Portugal no Plano Marshall terá constituído algum dos seus benefícios mais importantes e duradouros. Por tudo isso, o Plano Marshall foi essencialmente um elemento catalizador e um instrumento de inovação e crescimento. A história do envolvimento do nosso País no Plano Marshall, que se estuda neste trabalho, foi parte integrante da conjuntura de passagem que o País atravessou no pós-Guerra; foi ponte de saída do fim da II Guerra Mundial, entre a cooperação e auto-suficiência, entre a inexorabilidade dos limites da autarcia e autarcia que era possível, entre a Lei de Reconstituição Económica e o I Plano de Fomento, entre o Portugal acentuadamente agrícola e o Portugal em processo de industrialização que se sobrepôs à projecção do País rural.
|