Resumo: | Introdução: A disfagia é uma morbidade comumente documentada após acidente vascular cerebral (AVC). Esta tem sido associada a um aumento do risco de complicações pulmonares e até mortalidade. As evidências emergentes referem que a deteção precoce da disfagia em doentes pós AVC agudo reduz essas complicações, o tempo de internamento hospitalar e os gastos em saúde. Assim, torna-se indispensável a intervenção do enfermeiro especialista em reabilitação, sendo esta uma das áreas prioritárias da Ordem dos Enfermeiros. Objetivos: Verificar as intervenções do enfermeiro especialista em reabilitação face à pessoa com alteração da deglutição (disfagia), em situação de AVC, promovem a sua independência na atividade comer e beber. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, com base nas orientações do The Joanna Briggs Institute (2017). Foram selecionados estudos nas bases de dados: PubMed, Cochrane Library, CINAHL e Scopus, com publicação entre 2008 a 2018. Os estudos encontrados foram posteriormente avaliados, tendo em consideração os critérios de inclusão e de exclusão. Resultados: A análise dos 5 estudos incluídos na revisão sistemática da literatura demonstra que os enfermeiros especialistas em reabilitação constituem-se como elementos pivôs para garantir os cuidados especializados na pessoa com alteração da deglutição, devendo ser estes profissionais os primeiros a realizarem a avaliação da alteração da deglutição, antes dos outros profissionais. A higiene oral e o estado nutricional assumem-se como elementos fulcrais na gestão da disfagia e a posição correta da cabeça no momento da alimentação e hidratação, impedindo os riscos de aspiração de alimentos sólidos/líquidos. A utilização da terapia isométrica de resistência progressiva orofaríngea associada à dilatação do esfíncter superior do esófago melhora significativamente a segurança da deglutição, com consequente promoção da maneira mais independente possível para que a pessoa possa comer/beber, mantendo-se em segurança a função da deglutição. Após a intervenção do enfermeiro especialista em reabilitação, os doentes revelam uma diminuição na aspiração com alimento líquido e alimento semi-sólido. O método combinado da manobra de Mendelsohn e da deglutição de esforço têm um efeito positivo na aspiração em doentes com disfagia após o AVC. Conclusão: Partindo dos resultados obtidos, concluiu-se que os programas de reabilitação para doentes pós AVC com disfagia são um recurso terapêutico com efeitos positivos, sendo um desafio para a enfermagem de reabilitação. Apesar dos seus benefícios clínicos, estes programas de reabilitação são ainda uma realidade sub-representada, o que implica a necessidade da sua promoção e implementação.
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