Resumo: | Introdução: Apesar da eficácia, efectividade e segurança da Acupunctura, existem inúmeros artigos na literatura científica que relatam complicações, que por vezes são graves ou mesmo fatais e que comprovam que o facto de ser uma técnica antiga, não a torna por si só segura. As referências sobre os conhecimentos de anatomia necessários para da prática acupunctura raramente falam da variabilidade individual desta anatomia ou dos valores limites que podem ser observados numa população. O mesmo acontece com as distâncias que é essencial conhecer com precisão para que o seu exercício seja seguro, nomeadamente a que medeia desde a superfície da pele nos locais de punção até estruturas vitais do organismo. Objectivo: Avaliar nos pontos de acupunctura mais usados da parede torácica posterior, qual a variabilidade da distância até à estrutura vital que lhe esteja mais próxima. Métodos: Realizou-se um estudo de carácter observacional, com uma amostra de 100 indivíduos, dos 20 aos 69 anos de idade, que por motivos clínicos se submeteram a Tomografia Axial Computorizada (TAC) da região torácica no Hospital Pêro da Covilhã. A selecção da amostra efectuou-se de forma aleatória, escolhendo-se 20 doentes de cada faixa etária correspondente a uma década de vida. Avaliou-se a distância da superfície cutânea à pleura parietal em 7 pontos de acupunctura, que, segundo a prática canónica, realizada de acordo com um modelo tradicional chinês, correspondem, no meridiano de Bexiga, aos Feishu (BL 13), Dushu (BL 16), Ganshu (BL 18), Pishu (BL 20), Fufen (BL 41), Geguan (BL 46), Yishe (BL 49). Resultados/Discussão: Nos cem indivíduos estudados houve um predomínio do sexo feminino (n = 54/100). Na grande maioria dos casos, o órgão vital mais próximo era naturalmente o pulmão. No que respeita a médias, o valor mais baixo foi encontrado no Ponto 46 do meridiano de Bexiga do lado direito, com 28,58 mm de distância entre a superfície da pele a pleura. No que respeita a valores individuais para o mesmo parâmetro, o valor mínimo foi encontrado no mesmo ponto de acupunctura, observando-se uma distância igual a 11,74 mm. A distância máxima da superfície cutânea à pleura foi de 100,43 mm, no Ponto 41 de Bexiga direito. No grupo dos 20 aos 29 anos, encontrámos a menor média de distância da superfície cutânea à pleura com 24,11 mm que corresponde ao Ponto 46 de Bexiga esquerdo. Observou-se uma tendência para que a distância média da superfície pele à pleura aumente com a idade. Conclusão: O mais importante de entre o que encontrámos com a nossa investigação é a grande variabilidade no valor das distâncias entre a superfície cutânea e a pleura. Por esse motivo, embora estejam descritas técnicas capazes de evitar o pneumotórax, o nosso estudo demonstra que em certos casos é necessário um particular cuidado, pois aquela distância pode ser muito pequena, atingindo valores inferiores a 12 mm.
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