Resistência e irreverência na literatura para a infância: o caso de Tomi Ungerer

O autor (escritor e ilustrador) de literatura infanto-juvenil (LIJ) (mas não apenas) Tomi Ungerer (Jean-Thomas Ungerer) (1931-2019) nasceu em Estrasburgo em 1931, percorreu a França, conheceu a Noruega, a Lapónia e a Argélia, entre outros, mudou-se para os Estados Unidos da América em 1956 e vi...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Silva, Sara Raquel Reis da (author)
Formato: conferencePaper
Idioma:por
Publicado em: 2020
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/1822/67797
País:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/67797
Descrição
Resumo:O autor (escritor e ilustrador) de literatura infanto-juvenil (LIJ) (mas não apenas) Tomi Ungerer (Jean-Thomas Ungerer) (1931-2019) nasceu em Estrasburgo em 1931, percorreu a França, conheceu a Noruega, a Lapónia e a Argélia, entre outros, mudou-se para os Estados Unidos da América em 1956 e vive actualmente na Irlanda. Controverso, amado por muitos e ainda “incompreendido” por alguns, Ungerer é uma figura incontornável no domínio da consolidação e reinvenção do álbum narrativo e, genericamente, da LIJ. Reconhecido com o Prémio Hans Christian Andersen (1988), Ungerer nunca se dedicou apenas à literatura e, por necessidade e incapacidade confessa, fez sempre mais do que uma coisa em simultâneo, dispersando o seu talento pela elaboração de cartazes de propaganda contra a Guerra do Vietnam, pelos cartoons, frequentemente, satíricos (por exemplo, para as revistas Life ou The New York Times), pela publicidade e, mais recentemente (1999), pela concepção de um jardim-de-infância em forma de gato, em Karlsruhe, entre outros. Na sua vasta produção artística para crianças e jovens, ou seja, em obras como Os Três Bandidos (1961), O Homem da Lua (1964), Otto (1999) ou Novos Amigos (2007) ou como as do ciclo que apelidamos de “reabilitação de animais de reputação discutível”, como Crictor (1961), Adélaide (1959) ou Emile (1960), por exemplo, Ungerer, autor progressista, sempre num estético e marcante registo verbo-icónico, não se inibe de ficcionalizar temáticas fracturantes, designadamente a guerra, o antimilitarismo, a subversão de papéis sociais, a condenação de todas as formas de exclusão e de marginalização, entre outros. Autor de uma obra premiada, multiforme, manifestamente peculiar, e tendo assinado já cerca de 100 títulos, Tomi Ungerer tem lugar indiscutível na História da ilustração e do livro/LIJ, singuralizando-se pela sua especial visão da arte, substantivada naquilo que escreve e ilustra, que é, em última instância, uma forma especial de ver o mundo.