Summary: | Neste artigo pretende-se analisar a contribuição da formação inicial no processo de construção da identidade profissional de duas professoras de Matemática do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, no decurso dos seus três primeiros anos de carreira. A metodologia adoptada nesta investigação situa-se no paradigma interpretativo, assumindo o estudo de caso como design. Os estudos de caso basearam-se, essencialmente, na análise de um conjunto de entrevistas com carácter biográfico realizadas ao longo de três anos lectivos consecutivos. A primeira parte da apresentação dos resultados diz respeito aos casos das duas professoras, e onde se dá a conhecer as suas motivações para a profissão e as suas perspectivas sobre a formação inicial. Numa segunda parte, descrevem-se as dinâmicas identitárias profissionais que foram descortinadas para cada professora e analisa-se a contribuição da formação inicial nas várias vertentes dessas dinâmicas. Este estudo vem mostrar que a identidade é um processo idiossincrático, complexo e multidimensional, no qual a biografia tem um papel muito importante. As duas professoras, embora tendo experimentado a mesma formação inicial, que ambas valorizam, acabam por desenvolver identidades profissionais distintas. Isto decorre, em parte, do facto de essa formação ser compreendida e vivida de diversas formas de acordo com o percurso pessoal de cada uma delas. Neste estudo observa-se, ainda, que a formação inicial, mesmo nos moldes em que existe e à qual podem ser apontadas diversas insuficiências, é passível de interpelar significativamente alguns jovens, mas não o faz de igual modo para todos. Apontam-se, por fim, algumas condições a garantir na formação inicial que se afiguram de particular relevância na construção da identidade profissional do jovem professor de Matemática.
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