Summary: | O envelhecimento populacional crescente e o inerente aumento da incidência de doenças neurodegenerativas que lhe estão associadas, como a Doença de Parkinson (DP) são uma realidade cada vez mais frequente na prática clínica. A DP é a segunda doença neurodegenerativa mais comum nos idosos, afectando cerca de 1% da população mundial. Além dos sintomas motores clássicos (tremor, rigidez, bradicinésia e instabilidade postural), a DP acompanha-se de alterações cognitivas que têm sido objecto de grande produção científica nas últimas décadas. São habituais alterações em diversos domínios cognitivos como as funções executivas, a linguagem, as habilidades visuo-perceptivas e a memória, mesmo em estádios iniciais da doença e em doentes não demenciados. Apesar da demência associada à DP (PDD) ser menos frequente, sabe-se que o risco relativo de desenvolver demência nos doentes de Parkinson é superior ao da população em geral. Clinicamente, a PDD caracteriza-se por uma síndrome disfuncional executiva predominante, associando-se frequentemente a várias alterações psiquiátricas como a depressão, a ansiedade e os sintomas psicóticos. As alterações cognitivas da DP e as alterações psiquiátricas associadas complicam o tratamento dos sintomas motores, conduzindo a uma disfunção progressiva. Além de aumentarem a morbilidade e a mortalidade dos doentes, constituem um factor de risco para a institucionalização e têm implicações na qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores. Este trabalho constitui uma revisão das bases neuroquímicas e neuropatológicas, da epidemiologia, dos factores de risco, das características clínicas, do diagnóstico e do tratamento da disfunção cognitiva e da demência na Doença de Parkinson (PDD). Revê-se, igualmente, as alterações psiquiátricas e os aspectos sociais ligados à disfunção cognitiva na DP.
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