Summary: | Em trabalho anterior, estudou-se a presença de conchas de origem africana no território português, no decurso do Neolítico Final e/ou do Calcolítico, servindo como elementos de adorno ou a outros usos (CARDOSO & GUERREIRO, 2001/2002). Importava, pois, integrar tais achados em contexto mais amplo de trocas e de contactos comerciais, do qual fariam, naturalmente, parte integrante. Uma das evidências mais expressivas desta realidade é a presença do marfim, em bruto ou trabalhado, em contextos pré-históricos portugueses. A descoberta, em Agosto de 2002, de uma porção proximal de um alfinete indiscutivelmente de marfim, no povoado calcolítico fortificado de Leceia (Oeiras), no decurso da vigésima campanha de escavações ali realizada sob responsabilidade do signatário (Fig. 1), esteve na origem imediata deste pequeno contributo, valorizando-se assim uma das componentes mais relevantes da realidade calcolítica da baixa Estremadura: a abertura a estímulos culturais exógenos, denunciada pelo comércio trans-regional de matérias-primas ou de artefactos de prestígio, por vezes a longa distância, entre os quais o marfim, em bruto ou manufacturado, como a peça agora estudada permite concluir.
|