Resumo: | O manejo dos solos impactados pelos incêndios é um dos principais desafios que a Europa Mediterrânea enfrenta, incluindo, Portugal. Neste contexto, o estudo de indicadores da qualidade dos solos, como a estabilidade da agregação, tornou-se essencial, pois os mesmos são sensíveis às mudanças provocadas no meio e refletem o seu grau de perturbação. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi analisar áreas ardidas e não ardidas no Distrito de Bragança, Nordeste de Portugal, e avaliar a estabilidade da agregação relacionando-a com atributos físicos e químicos do solo. O estudo foi realizado em três áreas de amostragem distintas, Soutelo (ST), Parâmio (PR) e Quintela de Lampaças (QL), afetadas por incêndios, respectivamente, nos anos de 2015, 2016 e 2017. Em ST e PR, a colheita de amostras de solo realizou-se em zonas vizinhas ardidas e não ardidas. Em Quintela de Lampaças (QL), a amostragem realizou-se apenas em zonas ardidas. Foi avaliado o comportamento da estabilidade dos agregados sob o efeito do fogo, das classes dos agregados e das profundidades, assim como a variação temporal da agregação pós fogo e os resultados de partículas primárias. Para a interpretação dos resultados utilizou-se os valores médios dos atributos físicos e químicos do solo das áreas em estudo e buscou-se estabelecer correlações significativas (p<0,05) entre a estabilidade dos agregados e alguns atributos do solo. Foi feito a análise de variância (Anova) a 5% de probabilidade utilizando o fator duplo e único com repetição e através das médias dos coeficientes de variação (CV) foi feito a relação entre a estabilidade dos agregados e as partículas primárias. Como resultado observou-se que sob o efeito do fogo, a estabilidade da agregação foi significativamente superior no estado não ardido comparativamente ao ardido. Em relação às classes de agregados do solo, a estabilidade da agregação foi significativa superior na classe 0,25 mm comparativamente à classe 0,4 mm. No que diz respeito às profundidades do solo, a estabilidade dos agregados foi estatisticamente superior na profundidade de 0-5 cm. No tocante à variação temporal pós fogo, a área PR, ardida em 2016, foi a que registou a maior estabilidade dos agregados e no que se refere aos resultados da estabilidade dos agregados e das partículas primárias, verificou-se que os dados da estabilidade dos agregados são mais homogéneos e consistentes que os das partículas primárias. Assim, é notória a importância do estudo da estabilidade da agregação, pois a mesma, integra os efeitos combinados de diversos atributos e/ou processos do solo, revelando-se como um importante indicador físico da qualidade do solo, de grande relevância nas decisões quanto ao uso e ao manejo do mesmo.
|