Agressividade e adolescência : implicações na deteção de faces emocionais positivas e negativas

A adolescência é uma fase do ciclo de vida marcada por grandes alterações psicológicas, comportamentais, físicas e cognitivas, suscetível ao desenvolvimento de comportamentos agressivos. A agressividade pode surgir como resposta a uma forma de interpretação hostil de estímulos sociais. Quando um ind...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Nogueira, Marta Raquel da Silva (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2015
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/14665
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/14665
Description
Summary:A adolescência é uma fase do ciclo de vida marcada por grandes alterações psicológicas, comportamentais, físicas e cognitivas, suscetível ao desenvolvimento de comportamentos agressivos. A agressividade pode surgir como resposta a uma forma de interpretação hostil de estímulos sociais. Quando um indivíduo entra numa situação social, a informação é processada em cinco etapas anteriores a ser efetivada uma ação, e em cada uma delas, a informação é codificada ou recuperada com interferência de um conjunto de pressupostos cognitivos armazenados na memória e que podem estar enviesados. Existem evidências do processamento automático de faces de raiva. Estas podem ser interpretadas como uma pista de hostilidade por parte dos outros, podendo estar associada ao viés de atribuição hostil em jovens mais agressivos. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi investigar se o processamento de informação se encontra enviesado na deteção de pistas sociais, neste caso faces, em adolescentes agressivos. Pretende-se averiguar se um maior nível de agressividade potencia o reconhecimento de expressões faciais de cariz emocional negativo (raiva e nojo), levando a menores tempos de reação bem como a uma maior proporção de respostas corretas para faces emocionais negativas. A amostra de 40 adolescentes (20 rapazes e 20 raparigas) preencheu o Questionário Revisto de Experiência Entre Pares (QREEP) para categorização do nível de agressividade e posterior divisão em dois grupos, um com baixo e um com elevado nível de agressividade. Todos os participantes realizaram também uma tarefa de pesquisa visual na qual se apresentavam expressões faciais emocionais alvo (alegria, raiva e nojo) entre expressões neutras ou apenas expressões faciais neutras. A tarefa dos participantes implicava detetar de forma rápida e precisa a presença (ou ausência) das expressões discrepantes. Os resultados demonstram que em ambos os grupos os tempos de resposta se revelaram mais longos para a deteção de faces de raiva, seguindo-se as faces de nojo e por fim as de alegria. Para além disso, os resultados revelaram uma menor proporção de respostas corretas para as faces de raiva em ambos os grupos, comparativamente com as faces de nojo e alegria. Os resultados indicaram também que o nível de agressividade não interferiu na deteção de estímulos potencialmente ameaçadores, uma vez que não foram reveladas diferenças estatisticamente significativas entre grupos nos tempos e na precisão das respostas. Estes resultados podem ser justificados pelo facto de, como demonstrado por estudos anteriores, as faces de raiva dificultarem o desprendimento do olhar de estímulos ameaçadores e, assim, potenciarem a perceção de ameaça.