Resumo: | A presente dissertação tem como objectivo sondar a existência de uma especificidade cultural no extremo Sul do Sudoeste ibérico, tendo por base lentes estruturalistas/pós-estruturalistas e semióticas. Para tal fito estudar-se-á monograficamente o sítio murado do Cerro dos Castelos de São Brás (Serpa), reavaliando o espólio procedente das escavações dos finais da década de 70, levadas a cabo por Rui Parreira. Exceptuando as indústrias líticas e a metalurgia, a grande abundância de material escusou a inclusão dos materiais de superfície. O avultado espólio de São Brás conta com mais de 3000 elementos estudados e detalhados. Após a avaliação do material, as várias categorias artefactuais foram contextualizadas no espaço-tempo, mobilizando-se posteriormente para a discussão de uma possível especificidade cultural no extremo Sul do Sudoeste ibérico e que ladeiam a bacia do Guadiana a jusante do Ardila e a montante do Chança – aqui apodado de Terra de Serpes. Dada a pouca expressão de algumas materialidades, como as das indústrias líticas ou os atinentes ao sagrado, estas não foram submetidas ao questionário recém-referido, tendo-se unicamente as inserido nas teias do devir histórico do Sudoeste ibérico – aqui entendido somente enquanto indicação geográfica. O estudo das faunas permitiu indagar na gestão biótica no 3º milénio em São Brás e a sua inserção no longo processo da Revolução dos Produtos Secundários. Os poucos estudos realizados sobre esta matéria a nível regional impediram que esta pudesse contribuir para o questionário proposto. Perscrutando o peso do conceito de cultura nos inquéritos e correntes que permearam a pré-história desde o seu gérmen na centúria de oitocentos até aos tempos hodiernos, reflectiu-se sobre a mesma, procurando contribuir para a sua discussão e infundindo-a de um espírito pós-estruturalista/semiótico. Esta definição serviu de base à posterior síntese (na acepção dialéctica do termo) feita entre as materialidades e o questionário a que se procura uma aproximação. Usando São Brás como metonímia, os intentos de lobrigar em Terra de Serpes uma especificidade cultural arribaram na discriminação de vários elementos que tornam esta hipótese defensável. Logrou-se contribuir para a discussão do questionário proposto, assim como em abrir as vias hermenêuticas para indagações futuras, em plena concordância com os fitos que nortearam a presente dissertação.
|