Resumo: | A atividade agrícola evidenciou um acentuado ritmo de mudança como resposta às necessidades de melhorar a utilização e produtividade dos solos, nomeadamente com recurso ao uso intensivo de fertilizantes inorgânicos. Isto levou a que as capacidades de assimilação fossem postas em causa, dando origem a fenómenos de contaminação (de fonte difusa) das águas e solos, nomeadamente pela presença de nitratos, tendo impactes negativos na qualidade da água. Este estudo tem como objetivo determinar os custos relacionados com a adoção de boas práticas agrícolas que visem a diminuição da poluição da água. Através do modelo Soil and Water Assessment Tool (SWAT) foi possível estimar funções de custos de abatimento da poluição, com base na adoção de boas práticas agrícolas e estimativas associadas à produção agrícola e exportações de azoto inorgânico dissolvido (AID), proveniente das principais atividades agrícolas da Bacia Hidrográfica do rio Cértima (BHRC), no Centro de Portugal – vinha, milho e culturas heterogéneas. Os resultados provenientes do SWAT mostram que para as atuais práticas agrícolas (APA’s), existem sempre custos de abatimento à medida que se reduz a exportação de AID (win-lose). Relativamente à aplicação única de azoto (BP1), verifica-se que há um aumento na produção e por conseguinte no rendimento agrícola, comparando com as APA’s. Constata-se que a redução de AID exportado, até 80% de aplicação de azoto, apresenta benefícios na produção de todas as culturas e não apresenta qualquer custo de abatimento. Quanto à aplicação de azoto de libertação lenta (BP2) verifica-se um aumento significativo na produção das três culturas, comparando com as APA’s, aumentando também o rendimento agrícola. Os custos de abatimento nesta prática agrícola são nulos até uma taxa de 80% na aplicação de azoto, contribuindo para o aumento dos benefícios dos produtores, apresentando assim benefícios sociais e económicos (win-win). A cultura de vinha é a cultura que apresenta maior potencial para melhorar a qualidade da água na BHRC. A vinha apresenta a maior produção, tendo em conta o custo-efetividade e é a cultura que diminui mais a exportação de azoto, seguido da cultura heterogénea e por último a cultura do milho. Todas as práticas agrícolas em estudo apresentam um aumento exponencial nos custos de abatimento à medida que se diminui a quantidade de azoto a aplicar. Contudo, em comparação com as atuais práticas agrícolas, a adoção de boas práticas agrícolas (BP1 e BP2) resulta de maior produção, maior diminuição na exportação de azoto, maior rendimento agrícola e por conseguinte os custos de abatimento são mais baixos a quando da utilização de boas práticas agrícolas.
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