Resumo: | A sépsis é um síndrome clínico que resulta da resposta inflamatória sistémica do hospedeiro à infecção, podendo evoluir para choque séptico, e culminar em Falência Multi-Orgânica. Em todo o mundo, 13 milhões de pessoas são atingidas por este síndrome e, anualmente, cerca de 4 milhões morrem. Cerca de um em cada seis doentes com sépsis grave têm uma doença oncológica subjacente, tendo um risco de morte mais elevado 30% comparado com doentes não oncológicos. Além duma elevada taxa de mortalidade, estima-se que a sépsis representa 10% de causa de morte nos doentes internados com neoplasias. Existe, no entanto, uma escassez de dados relacionados com a epidemiologia de sépsis grave em doentes oncológicos. Em 1996 a investigação no campo dos parâmetros laboratoriais para o diagnóstico das patologias inflamatórias, conduziu à identificação de uma nova molécula útil para esse efeito, a procalcitonina (PCT), no entanto, os resultados disponíveis na literatura são contraditórios. Com este trabalho pretendeu-se caracterizar microbiológicamente a sépsis em doentes oncológicos na tentativa de melhorar a compreensão deste síndrome. Foram analisadas hemoculturas que deram entrada no Sector de Microbiologia do Serviço de Patologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, E.P.E. (IPOCFG, E.P.E.), tendo-se constatado que os cocos Gram positivos são os microrganismos predominantes nestes doentes; Foram ainda encontrados bacilos Gram negativos, bacilos Gram positivos e, por fim, os fungos. Efectuou-se a comparação dos resultados das hemoculturas dos doentes com suspeita de sépsis com as respectivas concentrações séricas de procalcitonina, de forma a poder avaliar a utilidade deste último parâmetro descrito enquanto auxiliar no diagnóstico deste síndrome. Foram analisadas 132 amostras de sangue para determinação da concentração de procalcitonina. Verificou-se que esta apenas se revelou útil, enquanto auxiliar no diagnóstico de sépsis, para valores muito baixos ou muito elevados. Valores de PCT intermédios foram inconclusivos. Estes valores poderão, assim, ser úteis em alguns casos, mas deverão ser sempre utilizados em conjunção com outros exames laboratoriais, nomeadamente microbiológicos, e com um conhecimento aprofundado do estado clínico do doente.
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