Summary: | As alterações da função respiratória associadas à cirurgia abdominal, têm sido estudadas e descritas por vários autores, mantendo-se o consenso de que o êxito da reeducação funcional respiratória (RFR), em contexto cirúrgico, depende em grande parte da existência de um treino pré-operatório. A RFR na pessoa que vai ser submetida a cirurgia tem como principal objetivo a prevenção ou correção de complicações no pós-operatório. O objetivo da presente investigação é verificar a influência de um programa pré-operatório de RFR no doente submetido a cirurgia abdominal programada no serviço de cirurgia da unidade de Bragança, da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE). Realizou-se um estudo de natureza quantitativa, quase-experimental e transversal. A amostra de 50 indivíduos foi dividida em dois grupos: controlo e intervenção. Os indivíduos que integraram o grupo de intervenção foram submetidos de forma voluntária a um programa de reeducação funcional respiratória na fase pré-operatória. A colheita de dados foi efetuada mediante o preenchimento do instrumento de recolha de dados, em três momentos distintos: pré-operatório, pós-operatório imediato e às 48 horas de pós-operatório. Na amostra global, 54% dos indivíduos eram do género feminino. A idade variou entre 22 e 88 anos, com média global 61,8 anos. Quanto ao diagnóstico, na amostra global, registaram-se 36% de neoplasias uterinas, 24% outra patologia abdominal, 22% neoplasia intestinal, 14% neoplasia gástrica e 4% com patologias das vias biliares. Relativamente a hospitalizações anteriores, a maioria dos inquiridos respondeu afirmativamente (84%). Apenas 6 (12%) dos inquiridos sofrem de algum tipo de patologia respiratória e relativamente a hábitos tabágicos, estes estão presentes em 4 (8%) inquiridos. Dos principais resultados destaca-se que o programa pré-operatório de RFR diminuiu os níveis de ansiedade, diminuiu o nível de dor, e contribuiu para a estabilidade da frequência cardíaca (FC) e da frequência respiratória (FR), mas não teve efeitos na tensão arterial sistólica (TAS) e tensão arterial diastólica (TAD), saturação periférica de O2 (Sat. O2) e pico de fluxo expiratório (PFE).
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