O sítio acheulense do Plistocénico médio da Gruta da Aroeira

Datado de cerca de 400 ka (estádio isotópico marinho 11), o sítio da Gruta da Aroeira (Torres Novas, Portugal) é uma das poucas jazidas do Plistocénico Médio que entregou um crânio fóssil de hominídeo associado a bifaces acheulenses em contexto de gruta. A nossa abordagem multi-analítica do registo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Daura, Joan (author)
Other Authors: Sanz, Montserrat (author), Rodrigues, Filipa (author), Souto, Pedro (author), Zilhão, João (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/45006
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/45006
Description
Summary:Datado de cerca de 400 ka (estádio isotópico marinho 11), o sítio da Gruta da Aroeira (Torres Novas, Portugal) é uma das poucas jazidas do Plistocénico Médio que entregou um crânio fóssil de hominídeo associado a bifaces acheulenses em contexto de gruta. A nossa abordagem multi-analítica do registo arqueológico incidiu sobre diferentes categorias de vestígios: o crânio humano (Aroeira 3), os restos faunísticos, os restos de combustão e a indústria lítica. O crânio fóssil Aroeira 3 possui um labirinto ósseo primitivo e apresenta uma fractura óssea perimortem. A indústria lítica sugere uma mobilidade limitada; as actividades de talhe realizadas no sítio incluem a exploração de núcleos, mas os bifaces foram introduzidos já como utensílios acabados. A análise dos restos faunísticos confirma a presença do primata Macaca sylvanus e documenta uma grande diversidade de cervídeos, incluindo o veado mediterrânico Haploidocerus mediterraneus, nunca antes documentado no Plistocénico Médio da Península Ibérica. A reconstrução paleo-ambiental baseada nos pequenos vertebrados indica uma paisagem florestal aberta com condições semi-húmidas. Por outro lado, a presença de subprodutos de combustão prova utilização controlada do fogo entre as populações do Acheulense.