| Resumo: | Em Ecologia das Comunidades sempre existiu um interesse em estudar as relações entre a abundância das espécies de aves e os atributos estruturais da vegetação. A vegetação é considerada o principal factor determinante na distribuição das comunidades avifaunísticas, tanto devido aos recursos directamente disponibilizados (p. ex. locais de nidificação), como devido a recursos relacionados com a vegetação (p. ex. tipo e disponibilidade de alimento). Foi apresentado um estudo onde foram identificados os atributos da vegetação com maior influência na presença de espécies avifaunísticas em sistemas agro-florestais localizados em Évora e na Península de Setúbal. Esta abordagem classificativa dos tipos de habitat permite o desenvolvimento de estratégias de gestão desses agrossistemas sob a perspectiva da conservação da natureza. Para duas áreas de estudo, foram definidos quatro transetos lineares. Recorreu-se à Análise de Componentes Principais (ACP) de forma a relacionar a ocorrência de aves com os diferentes atributos estruturais da vegetação, designadamente a sua estrutura vertical, a percentagem relativa aos diversos tipos de coberto vegetal e índices de diversidade. Realizou-se igualmente uma análise classificativa dos sectores de amostragem com base na ocorrência de passeriformes nidificantes. A partir da ACP realizada foi possível definir tipologias fisionómicas, verificando-se que as comunidades de aves respondem a estas diferenças e que a diversidade que as caracteriza está relacionada com os gradientes de cobertura dos estratos arbóreo e arbustivo. Estes resultados foram confirmados pela Análise Classificativa. Foi ainda realizada uma abordagem que pretendeu relacionar os aspectos estruturais e de diversidade da vegetação com os parâmetros comunitários da comunidade de passeriformes, designadamente a riqueza e a diversidade específica. Foi evidente o aumento da riqueza e da diversidade dos passeriformes em função do aumento do grau de cobertura do estrato arbóreo, especialmente nas áreas de montado. Muito provavelmente tal deve-se ao facto das espécies utilizadoras do estrato herbáceo e arbustivo não serem substituídas por espécies mais relacionadas com o estrato arbóreo, à medida que aumenta o grau de cobertura deste estrato, verificando-se o aumento destas últimas espécies, que coabitam com as espécies associadas ao subcoberto. O aumento da complexidade estrutural é tradicionalmente relacionado com um aumento na diversidade das comunidades de aves. No entanto, tal apenas se verificou num dos quatro transetos. Nos restantes transetos as correlações observadas entre a diversidade avifaunística e a medida estrutural da vegetação foram pouco significativas ou não se verificaram.
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