Summary: | Introdução: As crianças hospitalizadas continuam a sofrer de dor 1. As razões para esta evidência continuam obscuras2, mas existe consenso para a necessidade dos profissionais de saúde assumirem as suas responsabilidades e adotarem condutas proactivas para o controlo da dor. Objetivos: Identificar o perfil sociodemográfico e clínico das crianças internadas em serviços pediátricos com risco acrescido de dor. Material e métodos: Estudo observacional, descritivo, transversal com consulta retrospetiva de registos intermitentes num período de 24 horas, efetuados no processo clínico de crianças entre o mês e os 18 anos, internadas em nove serviços pediátricos de quatro Hospitais. O estudo decorreu ao longo de 6 meses através da seleção aleatória dos registos garantindo um efetivo da amostra de 20% da lotação de cada serviço. Para a análise dos dados utilizaram-se medidas estatísticas descritivas e inferenciais (testes de Mann-Whitney U, Kruskal-Wallis, Post Hoc e correlação de Spearman). Para todos os testes consideram-se diferenças estatisticamente significativas se p< 0,05. Resultados: Os 537 processos clínicos analisados corresponderam a crianças com uma mediana de 5 (0,4 - 18) anos, sendo 307 (57,2%) do sexo masculino. As raparigas apresentaram mais dor que os rapazes (med 0; AIQ 1) vs (med 0; AIQ 0) (p<0,05) e as submetidas a intervenção cirúrgica mais dor mais dor que as não submetidas (med 0; AIQ 2 vs med 0; AIQ 0) (p<0,001). As diferenças na intensidade de dor entre os diagnósticos revelou-se estatisticamente significativa (p<0,001), sendo as patologias do foro otorrinolaringológico (med 0; AIQ 2) e as designadas por outros diagnósticos (med 0; AIQ 2) as mais dolorosas. Apurou-se uma associação positiva entre idade e intensidade da dor (rs=0,196; p<0,01). Conclusões: O perfil de crianças com mais dor são as de maior idade, do sexo feminino, submetidas a intervenção cirúrgica e com patologias do foro otorrinolaringológico ou outros diagnósticos.
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