Summary: | As emoções são respostas complexas que desempenham um papel fundamental na interação social e na sobrevivência, uma vez que nos ajudam a ultrapassar os desafios impostos pelo nosso ambiente social. A comunicação emocional através da expressão facial ajuda-nos a responder às necessidades impostas pelo contexto social que nos envolve, pelo que uma rápida deteção de expressões emocionais é essencial, uma vez que permite a interpretação e previsão eficientes do comportamento dos outros. Sendo a raiva uma emoção básica evolutivamente relevante, dado que sinaliza a existência de ameaças diretas, seria adaptativo detetá-la rapidamente, mesmo em níveis subtis da intensidade da emoção, de forma a evitar conflitos. Vários investigadores desenvolveram investigações no sentido de estudar a eficiência na deteção de expressões emocionais, encontrando resultados inconsistentes ao observar quer um efeito de superioridade na deteção da raiva, quer um efeito de superioridade na deteção da alegria. O objetivo deste estudo é analisar a eficiência na deteção de expressões emocionais de raiva e de alegria, em função do nível de intensidade emocional (baixo, médio e alto). Quarenta e quatro estudantes universitários de ambos os sexos constituíram a amostra deste estudo ao completar uma tarefa de pesquisa visual, que consistiu na apresentação de várias matrizes com fotografias de atores a exibir uma ou várias expressões emocionais. Cada uma das expressões emocionais de raiva e de alegria foi manipulada de modo a obter três níveis de intensidade emocional de cada expressão. Os participantes tinham de identificar se, em cada matriz apresentada, as fotografias eram todas iguais ou se existia uma fotografia diferente das outras. Os resultados evidenciaram um efeito de superioridade da alegria, ao verificar-se que os participantes cometeram menos erros e demoraram menos tempo a detetar a emoção de alegria. No entanto, quando era utilizada uma matriz com alvo neutro e distratores emocionais, os participantes cometeram mais erros e demoraram mais tempo a responder quando as faces eram de raiva, evidenciando uma dificuldade em desprender a atenção deste tipo de estímulos. Os resultados são congruentes com estudos que observam um efeito de superioridade da alegria, contudo, também estão de acordo com as teorias evolutivas que postulam que os estímulos aversivos, evolutivamente relevantes, capturam mais a nossa atenção e por isso é mais difícil desprende-la. Mais estudos são necessários para explorar os vários fatores, quer percetivos, quer emocionais, que contribuem para as diferenças na deteção de expressões emocionais em paradigmas de pesquisa visual.
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