Variedade dialetal madeirense : análise acústica das vogais tónicas orais

Introdução: Os dialetos insulares portugueses, onde se inclui a variedade dialetal madeirense, têm sido descritos essencialmente com base na perceção do ouvinte, sendo escassos os estudos acústicos. A análise acústica permite complementar a avaliação percetiva, pois possibilita o estudo quantitativo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues, Bruno José Abreu (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2015
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/14599
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/14599
Description
Summary:Introdução: Os dialetos insulares portugueses, onde se inclui a variedade dialetal madeirense, têm sido descritos essencialmente com base na perceção do ouvinte, sendo escassos os estudos acústicos. A análise acústica permite complementar a avaliação percetiva, pois possibilita o estudo quantitativo de vários aspetos do sinal de fala. Objetivos: Este estudo tem como principal objetivo caraterizar acusticamente as vogais da variedade dialetal madeirense, com base em dados obtidos em duas localidades distintas, comparando-a com os dados de falantes do padrão do Português Europeu (PE) e outros dialetos portugueses, como o de Porto Santo. Metodologia: A amostra utilizada inclui 14 indivíduos do género masculino com idades compreendidas entre os 18 e os 26 anos (7 do Porto da Cruz e 7 do Estreito de Câmara de Lobos). O corpus foi composto por pseudo-palavras com as vogais-alvo em posição tónica, inseridas numa frase de suporte. As gravações foram anotadas manualmente no software Praat e realizou-se, no mesmo programa, uma extração semiautomática para cada um dos parâmetros em estudo. Resultados: A análise estatística não permitiu diferenciar as duas localidades estudadas, o que não confirma a existência de subdialetos. Na Madeira há uma grande proximidade entre as vogais [i] e [e]. A vogal [o] ocupa a posição mais posterior no triângulo das vogais. A comparação dos dados com os do padrão do PE, evidencia uma notória aproximação da vogal [i] à vogal [e], uma velarização da vogal [a] e uma centralização da vogal [u]. Estas caraterísticas podem ser identificadas noutros dialetos portugueses, nomeadamente em dialetos açorianos e em dialetos do centro-sul do continente. Em relação às vogais produzidas pelos falantes do Porto Santo, as vogais na Madeira são mais altas e mais recuadas. Ambas as ilhas apresentam pontos em comum, como a posição muito aproximada das vogais [i] e [e]. Conclusão: Os dados obtidos indicam diferenças acústicas nas vogais orais em posição tónica dos falantes da Madeira em comparação com o padrão do PE. Por outro lado, é possível identificar traços comuns entre a variedade dialetal madeirense e as variedades de Porto Santo, Açores e centro-sul do continente português.