Summary: | Introdução: Na Europa, os enfermeiros são o maior grupo profissional da área da saúde que presta cuidados à população ativa, em contexto laboral. Em Portugal o contributo desses enfermeiros ainda não está devidamente explicado, existindo dúvidas acerca da sua experiência profissional, formação académica e tipo de funções/ papeis que ocupa no contexto da Saúde Ocupacional. Objetivo: Pretende-se conhecer a forma como, no momento, se exerce a Enfermagem do Trabalho em Portugal e, desejavelmente, inferir medidas promotoras de mudança para melhor aproveitar o potencial destes profissionais. Método: Trata-se de um estudo descritivo, correlacional, de carater transversal, realizado após a aplicação de um inquérito online que contou com a colaboração institucional da Ordem dos Enfermeiros, que disponibilizou o acesso ao questionário através da sua página da internet. A recolha de dados ocorreu entre abril de 2016 e abril de 2017. Resultados: Participaram no estudo 87 enfermeiros que, em média, terminaram o curso de enfermagem há 11.86± 8.79 anos, embora trabalhem na Saúde Ocupacional acerca de 7.60± 6.54 anos. As principais motivações para exercerem é a possibilidade de auferirem de um complemento salarial (os mais experientes) ou de um emprego remunerado (os mais jovens), estando em minoria os que pretendem de futuro dedicar-se exclusivamente à Enfermagem do Trabalho. O exercício em empresas de prestação de serviços externos de Saúde Ocupacional (os menos experientes) é centrado, quase exclusivamente, na prestação de tarefas de carater instrumental, com pouca autonomia e fracas condições de trabalho (estruturais, de recursos humanos ou remuneratórias). A prestação de serviços internos, em empresas, é vista como compensatória, pois enfoca na prevenção e promoção da saúde, permitindo um acompanhamento de proximidade dos colaboradores, com grande autonomia. Falta contudo, demonstrar maior pro-atividade relativamente aos objetivos da empresa e desenvolver áreas como a conceção de cuidados individualizados, a investigação, a reabilitação e o planeamento em saúde. Relativamente à formação, a maioria pediu a autorização para exercer, no entanto, apenas uma minoria já adquiriu a formação necessária para a certificação definitiva. Conclusão: Atendendo ao potencial salutogénico da Enfermagem do Trabalho e das repercussões que a sua atuação pode ter no mundo laboral, projeta-se que, de futuro, deverá existir um maior investimento na formação, direcionando o foco dos Enfermeiros do Trabalho para a gestão, prevenção e promoção da saúde, apostando num aumento de competências associadas à investigação e ao planeamento em saúde que, comprovadamente, gere ganhos objetivamente mensuráveis.
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