Summary: | É frequente encontrar regiões geográficas onde, os resíduos orgânicos, produzidos, em quantidades apreciáveis, pelas actividades industrial e agroindustrial, poderiam ser geridos de forma integrada, maximizando a valorização e evitando a deposição em aterro. Na zona da Figueira da Foz, Portugal, as elevadas quantidades de lamas secundárias das ETAR’s das fábricas de celulose, de resíduo de aviário, e a produção, sazonal, de engaço constituem, um problema sério de gestão de resíduos para os respectivos produtores. O presente trabalho visa analisar e optimizar a valorização destes resíduos de forma integrada, quer no âmbito das misturas a degradar quer no âmbito da complementaridade das técnicas a utilizar. Numa primeira fase, recorrendo à compostagem, enquanto técnica, foram processados, em regime de co-compostagem, lamas secundárias de ETAR de celulose e resíduo de aviário, respectivamente, nas proporções de 30:70 e 58:42 (em massa seca), com e sem incorporação de engaço, como agente de porosidade (10% em massa seca), determinadas as misturas mais adequadas à performance do processo e as condições operatórias que conduzem a um maior grau de estabilização do produto final. Da realização dos ensaios de co-compostagem e da análise dos resultados correspondentes, a 530 h de degradação em condições adequadas de arejamento e humidade, conclui-se essencialmente que: i) a predominância de temperaturas mesófilas ou termófilas não influencia, de modo significativo, o decorrer do processo; ii) as diferentes misturas atingiram graus de estabilização satisfatórios, algo patente, no valor médio, do grau de conversão de sólidos voláteis, 37 %; iii) a incorporação de engaço favoreceu as trocas gasosas durante o processo; iv) o composto final apresenta percentagem de azoto compreendida entre 2,4 e 4,8%. Para cada ensaio, o material estabilizado e maturado, durante um mês, revelou, após realização do teste de vaso, com Lolium multifolium, não exercer fitotoxicidade no crescimento de plantas. A análise dos metais Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn revelou níveis inferiores aos que constam na regulamentação em vigor. Numa segunda fase, enquanto alternativa ou enquanto técnica complementar de valorização de resíduos, foi testada a possibilidade de incorporação de composto (resultante da degradação de resíduo de aviário e de lama de celulose) e de resíduo de aviário, em formulações de agregados leves à base de argila. Da realização destes ensaios de incorporação de resíduos orgânicos na formulação de agregados leves e da análise dos resultados correspondentes, conclui-se, essencialmente, que: i) os resíduos a incorporar tiveram de ser, previamente, compostados, triturados e peneirados - 250m. Dos dois métodos de queima testados (queima gradual - 10, 15 e 20°C/min. até à temperatura máxima; queima rápida, até 1180 e 1200°C, com um patamar de 15 minutos), a queima a 1180°C originou melhores resultados. ii) a quantidade de matéria orgânica incorporada variou entre os 3, 5 e 10% (em peso), mas os melhores resultados corresponderam à incorporação de 3%, para qualquer um dos resíduos. iii) os resultados obtidos revelaram-se satisfatórios, uma vez que, apesar dos, elevados, valores de absorção de água, os agregados possuem massa específica inferior a 0.7g/cm3 e resistência à compressão dentro dos limites de mercado. Se considerada a razão entre resistência mecânica e massa específica, algumas das novas formulações apresentam valores superiores aos observados nos agregados leves comerciais.
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