Summary: | A Esclerose Sistémica é uma doença reumática autoimune do tecido conjuntivo, caracterizada por anormalidades do sistema vascular e imune, que levam à fibrose da pele e órgãos internos. A fisiopatologia desta doença é ainda desconhecida. Contudo existe a hipótese de que os linfócitos Th17/Tc17 e que as células que se caracterizam pela expressão de CXCR5 estejam de algum modo envolvidas nesta doença, pelo facto de elas terem um papel importante em outras doenças autoimunes. Deste modo, o presente trabalho teve com objetivo quantificar e caracterizar funcionalmente as células Th(c)17, Th(c)1 e os subtipos Th17 CXCR5+ e Th1 CXCR5+ no sangue periférico de doentes com Esclerose Sistémica. Para tal, o sangue periférico de 43 doentes com Esclerose Sistémica e de 20 pessoas saudáveis foi colhido e os linfócitos T foram inicialmente estimulados in vitro para se quantificar a produção das suas citocinas. Seguiu-se um protocolo de permeabilização intracitoplasmática de forma a se analisar separadamente a expressão intracelular das citocinas IL-17, IL-2, TNF-α e IFN-γ nas diferentes subpopulações de linfócitos em estudo. Os doentes com Esclerose Sistémica foram divididos consoante o subtipo da doença e consoante o tempo de duração da doença desde o diagnóstico. Os resultados obtidos demonstraram que não existiam diferenças na frequência de células Th17 e Tc17 entre os grupos estudados. No entanto, a frequência destas células a produzir IL-2 e TNFα é maior nos doentes com Esclerose Sistémica. Para além disso verificou-se que com aumento da duração da doença em estudo, há um aumento da frequência das células Th1 e Tc1 a produzir TNFα e IFNγ. Verificouse ainda que a frequência dos subtipos Th1 CXCR5+ a produzir as citocinas IL-2 e TNFα parece distinguir os dois subtipos de Esclerose Sistémica. Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que as células Th17 e as células Th1 estão, do ponto de vista funcional, alteradas em SSc, o que aponta para o seu envolvimento na fisiopatologia e/ou progressão da doença.
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