Summary: | O processo de confinamento e desconfinamento devido à pandemia de COVID-19 resultou numa disrupção das rotinas quotidianas das famílias com impacto na vida e bem-estar das crianças. Este impacto poderá ter afetado principalmente as crianças em situação de maior vulnerabilidade social, contribuindo para maiores desigualdades sociais. Este estudo tem como objetivo analisar os fatores que durante este período se constituíram como facilitadores ou limitadores da participação quotidiana das crianças em atividades que têm impacto no seu bem-estar e que são importantes para uma adaptação saudável num contexto de crise sanitária e social. Baseado em dados transversais de uma amostra de crianças do 3.º e 4.º ano de escolaridade (n = 110) das zonas Norte e Centro de Portugal, foram examinadas diferenças na intensidade da participação semanal em atividades estruturadas (estudo em casa, atividade física, refeições em família, atividades com adulto, ajudar em casa, sono) e menos estruturadas (brincar, brincar ativo, ver televisão, gaming/Internet, socializar online, lazer criativo), em função de fatores como o género, estrutura familiar e estatuto socioeconómico. As diferenças são discutidas no âmbito de uma perspetiva sócio-ecológica e desenvolvimental da participação quotidiana das crianças, particularmente os aspetos que poderão configurar-se como o foco de intervenções que visem promover o bem-estar infantil em futuras crises.
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