Summary: | Esta dissertação analisa a representação substantiva das mulheres em Cabo Verde. Desde que Pitkin definiu o conceito de representação como “tornar presente algo que está ausente” (Pitkin, 1967, p. 11); várias pesquisas têm procurado compreender e explicar a presença das mulheres nos órgãos de decisão política, e ainda o efeito dessa representação em termos substantivos (Waylen, Celis, Kantola, & Weldon, 2013). O presente estudo tem como principal objetivo responder à questão – Até que ponto os dois maiores partidos em Cabo Verde representam, do ponto de vista substantivo as mulheres entre 1991 a 2016? A análise empírica tem por base os Programas de Governo dos dois principais partidos Cabo-verdianos: o Movimento para Democracia (MpD) e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV). No quarto de século que se estende desde a transição para a democracia, o MpD liderou três governos (1991-1995; 1996-2001 e 2016-2021) e o PAICV outros três (2001-2006; 2006-2011 e 2011-2016). A análise de conteúdo estruturou-se em torno de temas que interessam particularmente às mulheres: violência de género, (des)igualdade de género no acesso aos recursos, participação feminina na política, saúde das mulheres e igualdade na educação. Os resultados demonstraram que ambos os partidos estão comprometidos com questões de género, em particular a (des)igualdade de género no acesso aos recursos. Porém, ao longo do tempo, a saliência das questões de mulheres nos programas dos partidos segue tendências contrárias; havendo um aumento no MpD e uma diminuição no PAICV.
|