Resumo: | Com a evolução da indústria e com o aparecimento de novos materiais de construção capazes de satisfazer as necessidades maioritariamente mecânicas das edificações mais actuais, a utilização da terra como material de construção foi caindo em desuso. No entanto, nas últimas décadas, principalmente nos países mais desenvolvidos, devido à crescente preocupação ambiental, a uma maior predisposição para o investimento na construção sustentável e mais eco-eficiente, tem-se verificado o ressurgimento da utilização da terra na construção, uma vez que se trata de um material de fácil obtenção, económico, com baixa energia incorporada e com características benéficas a nível do conforto e da saúde. De forma a acompanhar este ressurgimento, também a comunidade científica e industrial demonstrou o seu interesse. Relativamente às argamassas de terra surgiu em 2013, na Alemanha, uma norma DIN específica para argamassas de terra sem estabilização química com recurso a ligantes e que estabelece os ensaios a executar e os requisitos que caracterizam estas argamassas quando utilizadas em rebocos. Com vista a contribuir para um maior conhecimento acerca de argamassas de terra para rebocos e nomeadamente avaliar qual a influência de adições de gesso e de diferentes granulometrias da areia utilizada, no âmbito da presente dissertação foram formuladas cinco argamassas com a mesma proporção de terra e areia, com terra argilosa proveniente da bacia sedimentar do Algarve, que apresenta prevalência do mineral argiloso ilite. Três das argamassas foram formuladas com uma areia de granulometria média (considerada de referência) e com adição de gesso em diferentes percentagens (5%, 10% e 20% relativamente ao volume total de componentes secos), enquanto as outras duas argamassas foram formuladas com areias de granulometrias distintas, uma fina e outra grossa, sem qualquer adição. Estas argamassas foram comparadas com uma argamassa de referência previamente caracterizada no âmbito de uma tese de doutoramento em curso. Os resultados obtidos relativos à influência da adição de gesso foram bastante promissores, verificando-se que a sua presença contribui de forma significativa para o desempenho mecânico das argamassas de terra, sem penalizar demasiado o seu desempenho higroscópico. Por sua vez, os resultados obtidos relativos à influência que a utilização de areias com diferentes granulometrias pode ter no desempenho das argamassas, não foram conclusivos.
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