Resumo: | Os Açores são um local único para estudos epidemiológicos das doenças da abelha devido à distribuição heterogénea dos principais agentes invasores responsáveis pelo seu declínio a nível mundial: Varroa destructor e Nosema ceranae. Além disso, existem diversos vírus que têm sido apontados como um problema sanitário frequentemente associado à Vd e Nc. Enquanto a chegada da Vd ao Pico, Flores e Faial foi imediatamente reconhecida pela DGAV, o estatuto da Nc era desconhecido até este estudo. Este é o primeiro estudo epidemiológico nos Açores que teve como objetivo avaliar o estatuto da Nc e dos mais importantes vírus das abelhas: BQCV,SBV,CBPV,LSV,DWV,AKI, e BeeMLV. Analisaram-se 495 amostras do Faial, Flores, Pico, Graciosa, São-Jorge, São-Miguel, Santa-Maria e Terceira. O ADN e ARN foram extraídos e o diagnóstico e carga viral foram obtidos por RT-qPCR. Apenas Flores, Santa-Maria e Faial não têm Nc, nas restantes ilhas a carga é variável, nomeadamente entre 1.02E+06 e 2.55E+01 cópias/μl. Os vírus BQCV e LSV estão em todas as ilhas sendo as cargas virais significativamente diferentes entre elas. A carga mais baixa é em São-Miguel (3.18E+02 cópias/μl) e a mais elevada em Santa- Maria (1.00E+04 cópias/μl). Relativamente ao LSV, Flores apresentou a carga mais baixa (1.61E+02 cópias/μl) e Pico a mais elevada (4.77E+05 cópias/μl). SBV existe em duas ilhas, Faial e Pico, com prevalências de 50% e 18.3%, respetivamente, sem diferenças nas cargas. CBPV tem prevalências baixas (2.8-23%) tendo sido detetado em cinco ilhas (Pico,São- Miguel,Graciosa,Terceira,Faial) mas com cargas elevadas, à exceção de Graciosa e Pico. São-Jorge e Terceira não têm DWV, sendo que as restantes têm prevalências entre 11.1-82% mas sem diferenças significativas nas cargas. AKI e BeeMLV não foram detetados. Este estudo mostra que os Açores são um local privilegiado para a apicultura, com várias ilhas livres dos principais patógenos que afligem a abelha melífera no mundo.
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