| Summary: | As assimetrias na distribuição da população traduzem-se em assimetrias multidimensionais, nomeadamente sociais e económicas, que configuram desafios para a coesão socio-territorial. Embora partilhado por várias regiões europeias, o processo de transformação demográfica em curso em Portugal tem-se vindo a caracterizar por sucessivos incrementos nos índices de envelhecimento e, mais recentemente, por quebras populacionais recentes no contingente nacional, inéditas há mais de cinco décadas. No entanto, as espacialidades e as temporalidades deste processo afiguram-se heterogéneas. Neste contexto, esta comunicação discute as divergências, convergências e tendências sociodemográficas e económicas entre Territórios de Alta Densidade (TAD) e Territórios de Baixa Densidade (TBD) em Portugal, segundo os critérios nacionais definidos em 2015 para a aplicação de medidas de diferenciação positiva dos territórios. Para alcançar este desiderato, foi realizada uma análise cartográfica simples dos máximos populacionais registados por cada município nos anos de recenseamento, entre 1864 e 2021. Esta foi acompanhada de uma análise longitudinal centrada na dinâmica demográfica municipal e intramunicipal que permitiu detalhar os ritmos de despovoamento, bem como de vulnerabilidade demográfica. Complementarmente, foi realizada uma análise longitudinal comparativa da evolução de indicadores de desempenho em dimensões sociais (saúde e educação) e económicas entre os TBD e TAD ao longo dos últimos 30 anos. Os resultados sugerem que as divergências entre estas tipologias territoriais, necessariamente simplificadoras da heterogeneidade existente dentro de cada uma delas, são significativas e têm-se agravado, evidenciando um dualismo consolidado entre um litoral apertado e denso e um interior extenso e cada vez mais vazio, o que deixa antever défices crescentes de coesão social e mesmo política.
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