Resumo: | A educação para a sexualidade foi reforçada pela recente Lei n.º 60/2009, sendo a sua implementação obrigatória a partir do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB) e tendo como finalidades, entre outras, a valorização da sexualidade e afectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das concepções existentes na sociedade portuguesa, bem como a promoção da igualdade entre os sexos. O presente trabalho teve como objectivo principal conhecer as concepções das crianças de 1ºCEB acerca do corpo e da identidade sexual e de género. Realizou-se um estudo transversal, para o que se construiu e validou (por pilotagem) um questionário baseado na técnica de desenho-e-escrita (Brown, 1995; Hayes, 1995; Jowett, 1994). O questionário foi aplicado a uma amostra de conveniência de 177 alunos do 1º ao 4º ano de escolaridade de três escolas de meio rural. Os dados foram tratados estatisticamente no programa SPSS, tendo-se construído categorias de resposta para as questões abertas e aplicado o teste de Qui-quadrado para aferir diferenças significativas. Os resultados apontam para a existência de estereótipos bem definidos de feminilidade e masculinidade. Constatou-se que as concepções de corpo das crianças de 1º e 2º ano são essencialmente de cariz afectivo, enquanto no 3º e no 4º ano se verifica um aumento dos conhecimentos científicos acerca do corpo. A concepção de identidade sexual está ainda marcadamente associada à identidade de género, com actividades, vestuário, características, profissões e tarefas bem distintas para cada sexo. As variáveis independentes sexo e ano de escolaridade revelaram influências nestas concepções.
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