Summary: | As famílias multiproblemáticas são, frequentemente, descritas pelo disfunção e desorganização, constituindo um dos maiores desafios para os profissionais. Apesar das vantagens que uma intervenção centrada nas competências apresenta, continuam a ser definidas pelos défices. Assim, este estudo exploratório, pretendeu caracterizar estas famílias, identificando os aspectos positivos e os factores promotores de resiliência familiar, tendo como base a abordagem ecológica. Para tal, tomou em consideração a percepção das famílias mas também de profissionais. O estudo teve a participação de 12 técnicos de acção social, de diferentes áreas de formação, e de 21 famílias, na pessoa do cuidador principal, tendo utilizado como estratégias metodológicas principais o focus group e a entrevista semi-estruturada, com complemento quantitativo (Escala de Resiliência CD-RISC e F-COPES). Os dados foram transcritos e analisados através do método da Grounded Theory. Dos resultados emerge o facto de as famílias possuirem competências, apresentando-se um modelo teórico, não universal, sobre a promoção da resiliência familiar que destaca como principais factores protectores: união familiar, relações de afecto, apoio institucional, importância laço afectivo com técnico, espiritualidade, pensamento positivo, sucessos no passado, capacidade de encarar a crise como uma oportunidade, emprego estável, rendimentos, habitação, relação familiar positiva, entre outros. Salienta-se a ressonância encontrada na literatura para alguns resultados obtidos e a sua implicação para a prática interventiva, ao sinalizarem a necessidade de rever os modelos de intervenção dominantes.
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