Resumo: | Tanto o colonialismo como as diferentes expressões de resistência que o foram erodindo se fizeram de ações, e estas nunca dispensaram o apoio de palavras e de imagens. É para a forma como estas categorias se combinam que orientaremos o olhar, procurando perceber de que modo as narrativas de legitimação colonial e de apelo à independência fizeram uso de um instrumento tão poderoso como a fotografia. Recorreremos a diversos materiais que reportam ao registo propagandístico, mostrando uma intencionalidade que visa convencermais do que informar. Faremos da guerra colonial o centro deste texto, o que significa tomá-la como o momento mais expressivo do confronto entre diferentes representações do território colonial. Se Portugal o via como parte de um todo indivisível, os movimentos de libertação encaravam-no como espaço ocupado e abusado por forças alheias aos interesses legítimos das populações africanas. Longa e sangrenta, feita de muitas frentes, a guerra colonial fez-se também na propaganda. Os panfletos, cartazes e fotografias, testemunhando o convívio pacífico ou mostrando as atrocidades cometidas, foram parte do confronto, revelando muito acerca da tessitura de relações que estruturaram o domínio colonial e das dinâmicas que conduziram à constituição de novos estados em África.
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