Resumo: | O objectivo desta investigação é o de complementar os estudos actuais sobre a cooperação universidade-indústria, aprofundando-os no contexto das incubadoras de empresas. A análise do caso português, com 11 incubadoras promovidas e/ou associadas de universidades, permitiu conhecer e avaliar os tipos de ligações de cooperação existentes entre uma amostra de 79 empresas em incubação e as respectivas universidades. Mais especificamente, este estudo diz respeito ao relacionamento entre a I&D das empresas e das universidades e às expectativas de que as incubadoras funcionem como um mecanismo de transferência dinamizador da cooperação U-I e de incremento de I&D conjunta. Deste modo, este trabalho descreve as ligações de I&D, de recursos humanos e de prestação de serviços, entre as empresas sediadas nas incubadoras e as universidades promotoras e/ou associadas, avalia a frequência ou intensidade das ligações de cooperação, dos seus resultados, efeitos, benefícios e importância para o desenvolvimento das actividades dos parceiros e explora os factores que afectam a intensidade das relações. Este último aspecto é analisado através da observação da importância de certas características gerais das incubadoras e de certas características gerais das empresas nelas sediadas, assim como da importância de cada uma dessas características na determinação de ligações de cooperação com a universidade. Desde logo, a descoberta inicial da nossa investigação, centrou-se na determinação das verdadeiras proporções de empresas com e sem ligações. Assim, identificámos 46 micro e pequenas empresas em incubação que tinham tido ligações de algum tipo com a universidade, correspondendo a 58,2% do total. Relativamente ao padrão agregado das ligações de cooperação encontrado, foi possível observar que, a grande maioria das ligações estabelecidas tiveram a ver com “os contactos informais com os académicos, com o “recrutamento de recém graduados da universidade” e com o “apoio ao desenvolvimento de projectos dos estudantes”. Estes dados, destacam o peso significativo de ligações baseadas nos recursos humanos e na componente informal de transmissão do conhecimento / tecnologia, relativamente às ligações mais formais como são as baseadas em I&D, caso dos “contratos de I&D celebrados entre as partes”. Igualmente relevante é a constatação de que aqueles contactos informais com os universitários ocorreram predominantemente a média e alta intensidade, e os contratos de I&D celebrados entre as partes verificaram-se maioritariamente a baixa intensidade. Também interessante, foram as constatações relativas às razões para a não existência de ligações em 41,8% do total das empresas da amostra. Assim, as justificações dominantes são a “falta de oportunidade” para o estabelecimento de ligações de cooperação com a universidade e “o assunto nunca foi equacionado”. No que se refere à influência que determinadas características particulares das empresas e das suas incubadoras, tinham no estabelecimento de ligações de cooperação U-I de qualquer tipo com as universidades, encontrámos diversas associações, as quais agrupámos em quatro níveis de conclusões. o primeiro, refere-se a que, os resultados obtidos, confirmaram diversos estudos empíricos anteriores, nomeadamente aqueles que indicam como factores determinantes da existência de ligações de cooperação U-I, o sector económico de actividade, a dimensão da empresa / número de colaboradores e ainda, as actividades de I&D. o segundo nível, tem a ver com o facto de se terem identificádo outros factores até agora não estudados, como a situação estatutária da incubadora e a origem das empresas sediadas, os quais afectam igualmente a existência ou não de ligações de cooperação. o terceiro nível, refere-se à identificação de quatro factores determinantes do estabelecimento de ligações da categoria de I&D e de recursos humanos, em contextos de incubadoras de empresas, até agora não estudados, e que são, a data de início de actividade da incubadora, a origem das empresas, o ano de incubação da empresa e o número de colaboradores / dimensão da empresa. Os tipos de ligações com os quais se associam são: “contratos de I&D celebrados entre as partes”, “apoio ao desenvolvimento de projectos dos estudantes” e “professores e investigadores como consultores nas empresas a tempo parcial”. por último, o quarto nível, refere-se à importância do mecanismo de transferência de conhecimento / tecnologia que é a incubadora de empresas associada e/ou promovida por uma universidade. Este estudo empírico, descobriu que determinadas características das empresas em incubação, nomeadamente, o sector económico, a dimensão / número de colaboradores e o desenvolvimento de actividades de I&D, influenciavam a decisão de localização nesta ou naquela incubadora, sendo por isso, dependentes de determinadas características das incubadoras, como sejam a situação estatutária, a data de início de actividade, de acordo com a participação da universidade no seu capital e ainda segundo as suas fontes de financiamento. O trabalho culmina com a proposta de um modelo integrativo da cooperação U-I em torno das incubadoras de empresas, sugerindo-se diversas medidas práticas, orientadas para a superação do gap existente entre os parceiros na cooperação. Estas medidas, assentam numa concepção de universidade interventiva e empreendedora, a qual se preocupa grandemente pela valorização económica do resultado da sua I&D.
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