Efeitos centrais e periféricos da toxina botulínica do tipo A : aplicações na urologia

O serotipo A da toxina botulínica (BoNT/A), nomeadamente a formulação onabotulinumtoxinA (onabotA), tem vindo a ser amplamente utilizado na prática clínica. Este facto deve-se ao seu efeito proteolítico sobre a proteína associada ao sinaptossoma com 25 kDa (SNAP-25) e ao consequente bloqueio da exoc...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Oliveira, Raquel Leal Monteiro Mano (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2018
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10773/14514
País:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/14514
Descrição
Resumo:O serotipo A da toxina botulínica (BoNT/A), nomeadamente a formulação onabotulinumtoxinA (onabotA), tem vindo a ser amplamente utilizado na prática clínica. Este facto deve-se ao seu efeito proteolítico sobre a proteína associada ao sinaptossoma com 25 kDa (SNAP-25) e ao consequente bloqueio da exocitose e da neurotransmissão. É com base na sua ação que a toxina é indicada para o tratamento da incontinência urinária relacionada com a hiperatividade do músculo detrusor (DO) e com a dissinergia vesico-esfincteriana. Contudo, a sua aplicação tem vindo a ser alargada a outras patologias do trato urinário inferior caracterizadas por contrações musculares excessivas ou por dor. O mecanismo pelo qual a toxina exerce um efeito antinociceptivo carece de fundamentação científica, pelo que vários estudos têm vindo a ser desenvolvidos com o objetivo de clarificar a sua ação em nociceptores periféricos e centrais. Surgiram então como objetivos da presente tese avaliar a possibilidade da toxina sofrer transporte axonal para a região da medula espinhal que recebe aferentes primários provenientes da bexiga e estudar o seu efeito direto no sistema nervoso central. Adicionalmente, pretendeu-se determinar uma taxa de conversão de doses correspondente às formulações onabotulinumtoxinA e a abobotulinumtoxinA (abobotA) para utilização clinica na área da urologia. Após administração de onabotA na parede da bexiga e no espaço intratecal detetou-se a presença de SNAP-25 clivada (cSNAP-25) maioritariamente nas lâminas superficiais do corno dorsal do segmento medular L6, que recebe aferentes primários provenientes da bexiga. A expressão de cSNAP-25 foi bastante marcada na medula espinhal de animais tratados com a toxina e apenas num pequeno número de fibras foi detetada colocalização com marcadores de terminais colinérgicos. Não foi detetada colocalização com marcadores de fibras sensitivas peptidérgicas, e com marcadores estruturais de neurónios e de células da glia. Através da análise ultraestrutural detetou-se a presença de um elevado número de vesículas sinápticas adjacentes à membrana pré-sináptica e de uma quantidade excessiva de mitocôndrias nos terminais neuronais, nos animais que receberam onabotA. A análise global dos resultados permitiu concluir que a toxina atua maioritariamente na região dos aferentes primários do segmento L6 da medula espinhal e que o seu efeito é observado num grande número de fibras cujo conteúdo neuroquímico não foi possível definir por imunofluorescência. O estudo da ultraestrutura permitiu detetar alterações nos neurónios do segmento L6 de animais tratados com a toxina que podem estar associadas à ausência de colocalização da cSNAP-25 com os diversos marcadores testados. Adicionalmente, procedeu-se à injeção única da mesma dose unitária de onabotA ou abobotA na zona superior da cúpula e as fibras imunorreativas contra a cSNAP-25 detetadas na bexiga foram contabilizadas. A comparação entre o número médio de fibras correspondente a cada um dos grupos experimentais sugere que a onabotA é 1,7 vezes mais potente do que a abobotA. Assim, no caso específico da aplicação no detrusor deve ser considerada a razão de 1:1,7 para conversão das doses de onabotA e abobotA, respetivamente.