Resumo: | Os marfins luso-africanos do reino do Benim, também designados “afro-portugueses”, são obras esculpidas em dentes de elefante pelos povos Edo durante os séculos XVI e XVII, constituindo um corpus de oitenta e uma peças, designadamente dezassete saleiros, três olifantes e sessenta e uma colheres. A presente tese de doutoramento incide no estudo destes marfins de exportação produzidos durante a proto-globalização, adotando para estas obras híbridas uma nova designação, de marfins edo-portugueses, remetendo para o contexto no qual foram produzidas e para as origens deste antigo reino da África Ocidental. Depois da chegada dos portugueses a esta região da atual Nigéria, em 1486, as interações que se deram entre estas duas culturas resultaram na produção destas obras sincréticas, criações artísticas novas e testemunhos históricos de grande relevo. Analisados segundo uma abordagem e metodologia multidisciplinar, incide-se no estudo histórico-artístico, auxiliado por outros métodos de análise, segundo uma perspetiva alargada que visa valorizar estes interessantes marfins da história global e exemplares de uma “história da arte conectada”, e conhecer melhor as diversas facetas do seu processo criativo e do fenómeno intercultural decorrente destes encontros intercontinentais iniciais.
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