Resumo: | Tomando como ponto de partida os modos de representação do negro africano, procurámos, neste artigo, perceber e discutir a persistência e transformação dos modelos dominantes dessa representação. Fizemo-lo partindo de dois registos distintos, que procurámos conciliar analiticamente. Por um lado, servimo-nos de uma investigação sobre estereótipos na sociedade portuguesa, na qual se procurou analisar os estereótipos de jovens estudantes (portugueses e angolanos, residentes em Portugal) sobre o seu grupo e o grupo dos outros. Por outro lado, procurou-se analisar alguma da banda desenhada portuguesa publicada nas décadas de 80 e 90, tentando perceber, tanto de um ponto de vista estético como de conteúdo, quais os sinais dominantes aí presentes. Cruzando estes dois planos analíticos, procurámos, finalmente, discutir a persistência e as modalidades de transformação da representação dominante dos negros africanos, contrapondo a estas expressões contemporâneas, um modelo que se alicerçou ainda no século XIX, mas que subsistiu, pelo menos em alguns aspectos essenciais, até ao Estado Novo.
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