Resumo: | No contexto das intervenções na parentalidade urge (re)pensarmos metodologias e práticas de forma a desenvolver respostas que possam ir de encontro às necessidades das famílias. Com este estudo pretendemos analisar como é que o envolvimento dos técnicos mandatários, afecta a adesão de famílias multidesafiadas, não voluntárias, em contexto de pobreza, a programas de desenvolvimento de competências parentais. Numa primeira fase deste estudo exploratório foram realizados dois focus group com 11 técnicas que intervêm com famílias multidesafiadas, não voluntárias. Na segunda fase forma realizadas 5 entrevistas semi-estruturadas com mães provenientes de famílias multidesafiadas, que já participarem em intervenções de promoção da parentalidade, umas voluntariamente outras involuntariamente. O guião construído para as entrevistas seguiu as orientações do inquérito apreciativo. Os dados foram analisados de acordo com a metodologia Grounded Theory com recurso ao programa Nvivo8, tendo-se concluído que: por um lado os técnicos referem a importância da relação que mantêm com as famílias para a adesão destas às intervenções, por outro o elemento das intervenções mais valorizado pelas participantes das famílias são os técnicos e a sua capacidade de "escuta". Os "factores de sucesso", referenciados pelos técnicos são as "parcerias institucionais", enquanto que para o grupo de participantes das famílias as vantagens das "intervenções" prendem-se com o "auto – conhecimento" e a "gestão de conflitos". O grande desafio, apontado pelos técnicos, e que vai de encontro à literatura neste tipo de intervenções, é a "adesão". As mães participantes referem a "partilha", "auto-conhecimento" e "escuta" (por parte dos técnicos) como factores promotores da participação nestas intervenções. A involuntariedade surge nos técnicos referenciada como "obrigatoriedade", enquanto que para as participantes das famílias aparece associada à "pressão para a mudança".
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