Summary: | Os manuais escolares de ciências têm para a escola uma importância fundamental na conformação das formas e dos conteúdos do conhecimento pedagógico, integrando aspetos relativos à sequência e ao ritmo da sua transmissão através, por exemplo, das atividades laboratoriais que propõem, desempenhando, assim, importantes funções pedagógicas e didáticas. Este estudo assume como objetivo principal analisar quais os tipos de atividades laboratoriais que foram sendo introduzidos em Portugal no ensino das ciências, mais concretamente na área de Zoologia, apoiado numa abordagem metodológica de natureza qualitativa. Esta abordagem foi assente na análise de conteúdo pelo estabelecimento de categorias a priori, contribuindo para confrontar as fontes primárias quanto aos conteúdos que incluem, as orientações pedagógicas e didáticas que traduzem, assim como os tipos de atividades laboratoriais que sugerem. Os resultados mostram que a par da introdução tardia das atividades laboratoriais no ensino da Zoologia, as atividades mais comuns visavam o reforço do conhecimento conceptual, através da implementação de atividades ilustrativas dos conteúdos científicos previamente ministrados, seguindo um protocolo do tipo receita. Foi, também, notório o desfasamento entre a legislação liceal progressista da época, que vinculava as atividades laboratoriais, e os manuais conservadores que maioritariamente as ignoraram durante o século XIX e o início do século XX.
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