Summary: | Introdução – A temática do idoso tem assumido uma crescente importância devido ao envelhecimento da população que, segundo dados oficiais, não irá abrandar. Devido à situação social e financeira da população portuguesa a manutenção do idoso no domicílio, com maior ou menor dependência, assume um carácter privilegiado, assegurando-se assim, a defesa dos interesses dos idosos e também dos seus familiares. O cuidador informal desempenha um papel preponderante no bem-estar e na qualidade de vida do idoso dependente, no entanto, vários estudos demonstram que é sobre este que recai a maior sobrecarga associada às exigências do cuidar. Assim, o cuidador informal deverá ser alvo de uma especial atenção, diagnosticando precocemente as suas dificuldades e o risco de desenvolver níveis elevados de sobrecarga com o intuito de evitar que ele chegue a uma situação de rutura que poderá por em risco a sua saúde e a saúde daqueles que dele dependem. Face a este enquadramento, definimos como principal objetivo: conhecer os principais fatores de sobrecarga e dificuldades do cuidador informal e determinar quais as variáveis preditivas de sobrecarga e dificuldades, com o intuito de criar uma maior sensibilização para esta problemática e ajudar no desenvolvimento de estratégias de apoio ao cuidador. Métodos – Nesta pesquisa não experimental de natureza quantitativa e transversal, seguindo uma via descritivo-correlacional. Recorremos a uma amostra não probabilística constituída por 63 cuidadores informais, da área dos Centros de Saúde de Santarém, extensão de Saúde de Benfica do Ribatejo e do Hospital Distrital de Santarém, EPE., sendo a maioria do sexo feminino (74.6%), com idade média de 60.05 anos. Como instrumentos de medida utilizámos os índices de Barthel e de Lawton para avaliar o grau de dependência dos idosos; o Questionário de Avaliação da Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI) e o Índice de Avaliação das Dificuldades do Cuidador (CADI). Resultados – O grau de dependência do idoso, nas ABVD e nas AIVD, apresenta um efeito significativo sobre os índices totais de dificuldades e sobrecarga dos cuidadores. Das características do cuidador as variáveis: “situação profissional” e a “perceção do seu estado de saúde”, apresentam valor prognóstico nos níveis de sobrecarga e dificuldades, visto termos encontrado significância estatística nos nossos resultados. No contexto da prestação dos cuidados, as variáveis “intensidade dos cuidados”, a “existência de ajuda” e a “co-residência”, apresentam, também, uma influência significativa nos níveis de sobrecarga e dificuldades do cuidador. Na globalidade os cuidadores apresentam mais sobrecarga, respectivamente, nos fatores implicação na vida pessoal, perceção dos mecanismos de eficácia e de controlo, sobrecarga emocional e sobrecarga financeira, e verificam-se mais dificuldades relacionadas com os fatores exigências do cuidar, reações ao cuidar e restrições sociais. Por outro lado, verificamos que os níveis mais baixos de dificuldades e sobrecarga estão associados aos sentimentos do cuidador para com o idoso dependente, à sua satisfação com o desempenho do papel e com a ajuda e apoio que presta ao idoso. Estes dados sugerem que níveis consideráveis de sobrecarga e dificuldades podem co-existir com bons níveis de satisfação com o papel desempenhado. Conclusões – Os cuidadores informais que cuidam de idosos com dependência severa ou total nas atividade de vida diárias (contexto do idoso); cônjuges ou filhos (a) sem atividade laboral, e por isso com rendimentos mais baixos, com uma fraca perceção do seu estado de saúde (contexto do cuidador), que têm ajudas do sistema formal mas sem outras ajudas do sistema informal; com uma intensidade de cuidados superior a 12 horas diárias e com elevadas dificuldades na prestação de cuidados (contexto da prestação de cuidados) estão mais susceptíveis de desenvolver níveis consideráveis de sobrecarga. Deste modo, defendemos que qualquer profissional deve conhecer este perfil assim como os sinais e sintomas de sobrecarga de forma a poder prestar uma melhor assistência não só aos idosos dependentes, como também aqueles que cuidam deles, garantindo que quem cuida não fica por cuidar. PALAVRAS CHAVE Cuidador Informal; Idoso; Dependência; Sobrecarga; Dificuldades.
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