Summary: | É reconhecido que, idealmente, os professores deverão utilizar um leque alargado de estratégias e materiais que permitam aumentar o impacto e a eficácia da aprendizagem em diferentes tipos de alunos, o que na prática não é fácil de concretizar. As experiências no âmbito da aprendizagem informal de ciência proporcionam, a diferentes indivíduos, oportunidades apropriadas de aprendizagem, havendo a necessidade em se cruzarem as fronteiras entre os museus e as escolas aproximando os dois ambientes, os designados formal e informal. O número de centros de ciência interactivos tem aumentado em todo o mundo, como se constata nos sítios da Internet de organizações de centros de ciência e tecnologia (ECSITE, ASTC, ASPAC, ASTEN, NSCF, Red Pop e SAASTEC). Também em Portugal tal ocorre, havendo mesmo a alteração de exposições expositivas em exposições interactivas, com a intenção da divulgação científica e da sua popularização. Actualmente são 12 os Centros de Ciência Viva em Portugal e, após 10 anos desde a criação do primeiro centro, o número global dos visitantes ultrapassou os 3 milhões de pessoas. Com este estudo, pretendeu-se: (re)conhecer a miríade de factores que parecem influenciar a aprendizagem nos centros interactivos de ciência; identificar concepções dos alunos relativas a conceitos sobre as propriedades da luz e fenómenos associados; e analisar os impactos, em alunos do 3º Ciclo, resultantes de uma visita a um centro interactivo de ciência com actividades focadas no tema Óptica. Para a recolha dos dados relativos aos objectivos do estudo: identificação de concepções alternativas, aprendizagem de conceitos científicos e interpretação de fenómenos relativos à luz, procedeu-se à elaboração de um questionário. Este questionário foi respondido por 270 alunos do 7º ano de escolaridade de duas escolas de Viseu, a Escola Grão Vasco e a Escola Infante D. Henrique. Para investigar os impactos cognitivos, os alunos da Escola Infante D. Henrique realizaram uma visita de estudo a um centro interactivo de ciência, o Exploratório Infante D. Henrique em Coimbra, possuidor de inúmeros módulos da unidade temática em causa, Óptica, e com uma organização da exposição bastante apelativa. Esta visita fez parte do Plano Anual de Actividades no ano lectivo 2005/2006. Tão cedo quanto foi possível e, após a realização da visita, o questionário foi respondido pelos alunos, os que realizaram a visita de estudo e os do grupo de controlo. No tratamento estatístico de análise dos dados os testes de significância utilizados foram o teste do qui-quadrado e o teste de McNemar. Nas situações em que o teste do qui-quadrado indicava uma probabilidade razoável da existência de diferenças significativas entre as amostras, calcularam-se o coeficiente de contingência e o V de Cramér para medir o grau de associação entre as duas variáveis em questão. Foram comparadas as frequências relativas das respostas: dos alunos das duas escolas; dos alunos e das alunas; dos alunos da Escola Infante D. Henrique antes e depois da visita de estudo; e dos alunos da Escola Grão Vasco no pré e no pós testes. A análise efectuada das diferenças obtidas para cada uma das dezasseis perguntas nas comparações realizadas indica que esta é não significativa. Nas poucas em que se verifica diferença entre as amostras, os coeficientes de correlação revelam uma correlação entre as variáveis fraca. Os impactos cognitivos, a terem ocorrido, não foram mensurados neste estudo. Provavelmente, as concepções alternativas neste tópico estão muito enraizadas e são, por isso, de difícil alteração, tal como se verifica também durante o ensino formal. Outro factor, o factor novidade referido na literatura mais recente, poderá ter contribuído para a não alteração significativa nos resultados do questionário aplicado antes e depois da visita de estudo. O entusiasmo manifestado pela generalidade dos alunos poderá ter sido inibidor da aprendizagem que o questionário pretendia medir. Parece que, salvo problemas logísticos, que a visita produziria outros efeitos caso se pudesse realizar em momentos suficientes, antes, durante e após o ensino formal do tema, para colmatar o factor novidade e para, insistentemente, ajudar a criar/resolver o conflito conceptual promotor da aprendizagem.
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