Summary: | Uma nova economia floresce fundamentada no domínio digital. De alcance global, intensamente interconectado e permeado de ideias e informações, o emergente fenômeno ainda é chamado por diferentes alcunhas. Independente de como a chamam, Economia Partilhada, Gig Economy ou Economia das Plataformas, a nova economia configura as diferentes transações possibilitadas pelos ecossistemas das plataformas digitais. O intuito desta dissertação foi explorar a estrutura do regime de trabalho freelancer, do setor criativo, inserida neste contexto. Além disso, compreender a dinâmica desses profissionais com as plataformas que utilizam, assim como as estruturas que adotam para organizar suas rotinas e carreiras. Através de uma abordagem exploratória, é feito o levantamento de dados primários, com a aplicação de entrevistas qualitativas, de roteiro semiestruturado e questões majoritariamente abertas, e a captação de dados secundários, com a consulta à bibliografia existente. Mesmo que seus trabalhos permitam horários flexíveis, 100% dos entrevistados afirmaram precisar de uma rotina estruturada. A identificação de três perfis básicos para freelancers do setor criativo, revelou diferentes espectros de interesse destes trabalhadores. Compreender e categorizar as motivações por trás das ações desses profissionais auxiliou no melhor entendimento não só de como se organizam, mas também porquê o fazem de determinada maneira. Não foi identificada uma única solução organizacional que possa servir de forma bem-sucedida a todas as pessoas. As diferentes partilhas dos entrevistados, e seus distintos perfis, serviram para ilustrar como o regime freelancer permite flexibilidade de tal forma que é possível encontrar variadas soluções viáveis, específicas para cada tipo de pessoa. Essa dissertação identificou ainda, que existem critérios de entrada às plataformas insuficientes para garantirem sua qualidade. Essa “abertura” significa um espaço onde há múltiplas oportunidades, para diferentes níveis de profissionalismo e comprometimento. Sem parâmetros, esta abrangência pode ser prejudicial aos usuários e, portanto, às plataformas. Foram identificadas lacunas nas estruturas das plataformas mediadoras, em especial a falta de formas mais eficazes de filtrar clientes de qualidade. Ao que tudo indica, a maioria destas plataformas, ao invés de nutrirem um espaço onde os trabalhadores queiram atuar, e assim gerar valor para todos os envolvidos, preferem tornar-se o mais convidativas o possível para os clientes, ao mesmo tempo em que capitalizam de quantas formas puderem a dependência que causam nos trabalhadores. O número de pontos negativos é superior às vantagens usufruídas, ainda assim os freelancers estão satisfeitos com as plataformas que utilizam, principalmente por conta de sua eficácia em permitir a conexão com clientes em potencial. Por fim, ainda que exista espaço para melhorias, a maioria dos entrevistados sente que sim, o regime freelancer é uma modalidade de trabalho sustentável a longo prazo.
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