Summary: | A empatia etnocultural é um construto psicológico que granjeou alguma atenção no meio científico, em parte, devido ao aumento da diversidade populacional nos diversos países. Por outro lado, também se constata que o número de estudantes que procuram um país estrangeiro, durante a formação académica no contexto do ensino superior, tem aumentado consistentemente no decorrer dos últimos anos. Este intercâmbio é entendido como uma estratégia relevante na mudança de atitudes em relação às diferenças culturais. Neste contexto, e dada a escassa investigação neste âmbito, o presente estudo procura verificar se a habilidade empática etnocultural dos estudantes se relaciona com as variáveis pessoais (idade e sexo) e identificar semelhanças e diferenças entre o grupo de estudantes nacionais e o grupo de estudantes oriundos de países lusófonos. Foi utilizada uma amostra de conveniência composta por estudantes portugueses (n=70) e estrangeiros oriundos de países lusófonos (n=70), maioritariamente do sexo feminino e com idades entre os 18 e os 25 anos, que frequentam uma instituição pública do ensino politécnico português. Nesta investigação exploratória, de cariz quantitativo, utilizou-se como instrumento de recolha de informação um questionário composto por questões sociodemográficas e a Escala de Empatia Etnocultural, composta por 26 itens, que avalia três fatores, a saber: Sentimento e Expressão Empática, Consistência Empática e Tolerância às Diferenças. Este instrumento apresentou boas qualidades psicométricas, corroborando a sua utilidade na avaliação da empatia etnocultural. Os resultados sugerem ainda que a amostra global apresenta uma elevada empatia etnocultural, não diferindo em função da idade e do sexo dos participantes. Relativamente aos grupos consagrados verificou-se uma maior empatia etnocultural, bem como uma maior consistência empática e um maior sentimento e expressão empática nos estudantes estrangeiros oriundos de outros países de língua portuguesa, comparativamente com os estudantes portugueses. Importa, pois, avaliar tais diferenças em futuros estudos, com vista a perceber se os resultados se vão, ou não, alterando ao longo do tempo e em que direção estas diferenças se afirmam, tentando identificar eventuais mudanças nas dinâmicas de funcionamento da instituição de ensino superior analisada, que propiciem ou obstaculizem as alterações verificadas.
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