Summary: | Ao longo das últimas décadas, verificou-se um aumento do número de incêndios em Portugal, amplificando o risco da ocorrência de fogos repetidos, o que poderá ter impactes negativos ao nível da produtividade dos ecossistemas a longo prazo. Os objetivos deste trabalho são estudar os efeitos de fogos repetidos nas concentrações de azoto e de fósforo no solo mineral, durante o primeiro ano após incêndio, e na mobilização de azoto total (NT) e de fósforo total (PT) por escorrência, à escala de microparcela, no segundo ano. Foram selecionadas três zonas de pinhal, em Viseu, com diferente histórico de incêndio, designadas como zona “Degradada” (4 incêndios), zona “Semidegradada” (1 incêndio) e zona “Controlo” (0 incêndios), no período de 1975-2012. Quanto ao azoto e ao fósforo no solo, houve uma diminuição das concentrações de ambos os nutrientes entre as duas campanhas, nas zonas ardidas, sendo mais expressiva no caso do fósforo na zona “Semidegradada”. As zonas ardidas apresentaram maior concentração de nutrientes do que a zona “Controlo”, à exceção da zona “Semidegradada” em relação ao fósforo, um ano após incêndio. A repetição de incêndios mostrou não influenciar negativamente a concentração nutrientes, no primeiro ano após incêndio. Não se observaram diferenças significativas entre pontos com e sem vegetação. No segundo ano, a mobilização de nutrientes por escorrência foi superior na zona “Degradada” em uma e duas ordens de grandeza em relação à zona “Semidegradada” e à zona “Controlo”, respetivamente. A mobilização de nutrientes foi elevada durante os eventos de precipitação mais fortes. A presença de vegetação revelou ser importante quanto à redução da mobilização de nutrientes e de escorrência, quando a componente de “litter” no solo não era significativa. Apenas na zona “Degradada” se verificou uma ligeira diminuição da mobilização de nutrientes e de escorrência a par do aumento de coberto na superfície do solo.
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