Resumo: | A grande maioria das pequenas e médias empresas (PME) depende dos bancos comerciais para obterem financiamento bancário. Como os custos de transacção, o custo de funding e as garantias exigidas pelos bancos limitam o fornecimento de crédito às PME, este estudo analisa os determinantes do custo do financiamento, isto é, do spread aplicado aos empréstimos e das garantias particulares solicitadas aos mutuários no processo de concessão de crédito. Para tal recolheu-se informação relativamente a 18.687 empréstimos concedidos a PME, por um dos maiores bancos portugueses. Os resultados obtidos com base no modelo OLS e com referência aos determinantes do spread indicam que: i) o valor do spread cobrado aumenta sempre que sejam exigidas garantias aos sócios e/ou gerentes; ii) com referência às garantias prestadas pela empresa e pelas SGM obtém-se um efeito contrário, isto é, um decréscimo do valor do spread; iii) para empréstimos de longo prazo e de montantes mais elevados o valor do spread diminui, efeito explicado pela redução dos custos de monitorização dos contratos de crédito; iv) quanto às características do mutuário, as empresas que tenham decréscimos no seu volume de negócios ou que apresentem incumprimentos após a concessão do empréstimo provocam aumentos no spread, tal como nos clientes com piores ratings; v) relações mais duradouras não permitem uma redução do valor do spread cobrado o que evidencia um efeito hold-up, isto é, à medida que aumenta o relacionamento mutuante-mutuário este último tende a ficar “refém” da relação. Os resultados do modelo logit com referência aos determinantes das garantias particulares sustentam que spreads mais elevados estão associados a maiores exigências de garantias particulares e que o relacionamento bancário não permite diminuir estas exigências.
|