Cronoterapia no Doente Renal Crónico Hipertenso

Introdução: existe evidência de que os valores de pressão arterial no período noturno são melhores preditores dos outcomes clínicos do que os valores tensionais no período diurno, sendo que doentes com perfil tensional non-dipper ou riser (padrão prevalente na doença renal crónica) apresentam maior...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Martins, Bernardo Vieira (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2021
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/11350
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/11350
Descrição
Resumo:Introdução: existe evidência de que os valores de pressão arterial no período noturno são melhores preditores dos outcomes clínicos do que os valores tensionais no período diurno, sendo que doentes com perfil tensional non-dipper ou riser (padrão prevalente na doença renal crónica) apresentam maior risco cardiovascular e de desenvolver lesão de órgão-alvo. Assim, pressupõe-se que utilizando um tratamento eficaz e seguro, tendo em conta o ritmo circadiano tensional e os valores de tensão arterial noturna num indivíduo com doença renal crónica hipertenso, os perfis tensionais de maior risco possam ser revertidos através da administração de anti-hipertensores ao deitar (cronoterapia). Objetivos: avaliar qual o benefício da administração ao deitar de anti-hipertensores no controlo da pressão arterial, na alteração do perfil tensional e na diminuição do risco cardiovascular comparativamente à administração de anti-hipertensores fora do período noturno, no doente renal crónico hipertenso sem terapêutica renal de substituição, e verificar se essa evidência está representada nas atuais guidelines sobre o tema. Métodos: foi feita pesquisa de meta-análises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos e guidelines publicados nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola, sem restrição na data da publicação. Utilizou-se a escala “Strength of Recommendation Taxonomy” para avaliação dos níveis de evidência e da força de recomendação. Resultados: obtiveram-se 52 artigos científicos na pesquisa inicial, dos quais seis cumpriram os critérios de inclusão (uma meta-análise, uma revisão sistemática e quatro ensaios clínicos). Da pesquisa de guidelines resultaram seis documentos. Os resultados indicam que, embora a eficácia na redução dos valores de pressão arterial diurna e nas 24h com a administração de fármacos anti-hipertensores ao deitar seja similar à da administração matinal, a cronoterapia transformou perfis non-dipper/riser em dipper, reduziu significativamente os valores de tensão arterial no período noturno, e mostrou uma redução do risco cardiovascular. Apenas duas guidelines fazem referência à cronoterapia, sem uma recomendação específica. Discussão: a cronoterapia pode beneficiar o doente renal crónico hipertenso pela redução da pressão arterial noturna e controlo dos perfis tensionais de maior risco, já que tem em conta o ritmo circadiano e otimiza a farmacodinâmica e farmacocinética da terapêutica, reduzindo o risco cardiovascular sem um custo adicional para o paciente ou para o Serviço Nacional de Saúde. Conclusão: A administração de anti-hipertensores ao deitar poderá ser aconselhada no doente renal crónico com hipertensão para diminuir a tensão arterial noturna e reduzir o risco cardiovascular associado (Força de Recomendação B), facto que poderá sugerir uma atualização das guidelines atuais.